A criança de um ano e meio encontrada em suposta situação de abandono na madrugada da última terça-feira (25) no bairro Novo Mundo, em Curitiba, na verdade, fugiu de casa.
O menino, que anda desde os oito meses, "se aproveitou" de uma sucessão de erros para escapar da mãe. Ele saiu pela porta da casa que estava com a tranca estragada, avançou pelo portão esquecido aberto pelo vizinho e andou cerca de 20 metros pela rua até ser encontrado por quatro homens que seguiam de carro para o trabalho e não conseguiram localizar os responsáveis pela criança por causa do horário – ainda muito cedo.
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"Pelo que foi verificado houve uma sucessão de fatores que fez com que a criança conseguisse sair daquela residência sem ser vista", explicou nesta quinta-feira (27) o delegado do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) da Polícia Civil, José Barreto. "Não houve nenhum crime de abandono de incapaz. Inclusive, a própria mãe foi ouvida em escuta especializada e ela realmente foi bem enfática, disse que a criança teria saído de casa sem conhecimento dela", afirmou o delegado.
De acordo com a investigação, a mãe entrou em pânico ao perceber o desaparecimento do garoto. Ela teria passado parte da noite em claro com a criança, que não conseguia dormir por causa de uma infecção pulmonar. Por volta das 4h30, mãe e filho pegaram no sono. Mas, cerca de uma hora depois, o menino acordou sem que a mãe percebesse e conseguiu sair pela porta que estava com a tranca estragada vestindo apenas uma camiseta fina, fraldas e meias.
Em busca de ajuda
Ao chegar ao portão do terreno deixado aberto pelo vizinho, a criança acessou a rua e andou por 20 metros até ser localizada por quatro homens que seguiam de carro para o trabalho.
Já com a criança no veículo, os homens percorreram a rua na tentativa de localizar a família ou conhecidos do menino, mas não encontraram ninguém na via. "Eles tiveram uma grande dificuldade em localizar quem seriam os responsáveis, então botaram a criança dentro do caro e começaram a rodar", contou o delegado.
Os trabalhadores então pediram ajuda a algumas pessoas que estavam em um bar ao lado de uma empresa nas redondezas.
Um dos homens que estava no estabelecimento chegou a dizer que provavelmente sabia quem era a família do menino e assumiu, naquele momento, responsabilidade pela criança. Contudo, sem conseguir realmente achar a família, a Polícia Militar (PM) foi acionada e o garoto foi encaminhado ao Conselho Tutelar, onde permanecia até a manhã desta quinta-feira (27).
"Levantamos todas as informações. Conseguimos imagens do local. O próprio carro que teria abandonado a criança e os quatro indivíduos que inicialmente eram suspeitos. Mas, de fato, constatamos que eles em nenhum momento abandonaram a criança. Ao contrário, ainda tentaram ajuda. Dessa forma, a Polícia Civil chegou à conclusão de que não houve abandono de incapaz", reiterou Barreto.
Apesar de a criança continuar em um abrigo, agora cabe ao Ministério Público definir o destino dele. O pai da criança não vive com a família.
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