| Foto: Arquivo pessoal

Não é incomum casos de bebês que nasceram e com poucos dias de vida tiveram que passar por processos médicos mais sérios. Só que a pequena Ana Gabriele, que nasceu há 20 dias, passou por uma experiência ainda na barriga da mãe e foi submetida a três transfusões de sangue.

CARREGANDO :)

RECEBA notícias de Curitiba e região em seu WhatsApp

O problema ocorreu porque a mãe, a estudante de curso técnico de Enfermagem Renata Gama, de 32 anos, que vive em Umuarama, no Noroeste do Paraná, tem sangue com RH-, e a bebê possuía RH+, proveniente do pai. A situação possui nome: doença hemolítica perinatal. “Os anticorpos da mãe ultrapassam a placenta e destroem as hemácias do bebê, provocando anemia intrauterina”, explica o médica Claudio Corrêa Gomes, que é especialista em Medicina Fetal.

Publicidade

Há 15 anos, a doença também foi registrada na primeira gravidez de Renata. “Na época, não aplicaram a vacina necessária para não criar incompatibilidade de sangue”, recorda a estudante. A vacina em questão é a imunoglobina anti D, que é tomada por mães que possuem sangue com RH- e evita que ocorra a incompatibilidade. “Caso a vacina não seja tomada, não afeta a atual gestação, mas sim as futuras”, ressalta Corrêa.

E foi o que aconteceu com Renata. O primeiro nasceu saudável. Mas o organismo criou anticorpos contra RH+ e, dois anos depois, quando estava grávida novamente, perdeu o segundo bebê por anemia. Passados quatro anos e uma nova tentativa, veio uma nova perda pelo mesmo motivo.  “Se não for feito nada, o bebê vai a óbito”, explica o médico.

Mas Renata tinha um sonho: queria ter mais dois filhos. E, um ano depois, a nova gravidez teve o mesmo problema. Só que dessa uma solução apareceu. “O médico de Umuarama me encaminhou para Curitiba para realizar a transfusão de sangue”, lembra a mãe.

O procedimento é algo complexo. “O sangue entra por uma agulha pela barriga e chega ao cordão umbilical, guiado pelo ultrassom. É feito uma anestesia local na mãe e uma no bebê para ele não se mexer”, relata Corrêa. Dessa vez o final foi feliz e, após duas transfusões de sangue, nasceu Gabriel, com 32 semanas de gestação.

Oito anos depois veio um novo desafio. Uma nova gravidez e o velho problema. “Fiquei com medo de perder de novo, mas, graças a Deus, a medicina está bem evoluída e deu tudo certo”, destaca Renata. Foram três transfusões de sangue com a bebê Ana Gabriele, realizadas no Instituto da Mulher e de Medicina Fetal (IMMEF), em Curitiba. A primeira com 24 semanas de gestação. A menina nasceu saudável, sem anemia, em 14 de maio, com 36 semanas de gestação, em Umuarama.

Publicidade

O médico explica que o procedimento é raro. “Nós realizamos isto duas ou três vezes por ano, não é uma coisa comum por conta da vacina”, destaca. Corrêa também explica que nem todas as mães que não tomaram o medicamento irão ter problemas na gestação. “Somente 15% a 20% das mulheres que não tomaram a vacina desenvolvem problemas intrauterinos”, afirma.