Um projeto de lei, em tramitação na Câmara dos Vereadores de Curitiba, prevê que as faixas exclusivas para ônibus da capital passem a ser compartilhadas com os ciclistas, respeitando o sentido do tráfego. De autoria do vereador Goura (PDT), a ideia é retirar as bicicletas das faixas de rolamento que os carros utilizam, nos espaços em que não houver ciclofaixa para o modal. O projeto não prevê a utilização das canaletas dos biarticulados.
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Implantadas em 2014, as faixas exclusivas para ônibus não têm a separação como as canaletas usadas pelos biarticulados. São pistas implantadas em ruas e avenidas de trânsito compartilhado, para uso dos ônibus que trafegarem nos trechos contemplados, sejam micro-ônibus, comuns ou articulados.
A Urbs, empresa da prefeitura que gerencia o transporte coletivo em, Curitiba, afirma que é contrária ao projeto por causa da segurança dos envolvidos, ciclistas, pedestres e passageiros dos ônibus da capital.
Confira os locais onde há faixas de circulação exclusiva para ônibus.
Para o coordenador da Associação dos Ciclistas do Alto Iguaçu (Cicloiguaçu), Felipe França, a ideia é criar novas formas para ampliar o acesso das pessoas que usam a bicicleta a outras regiões da cidade. “Curitiba é uma cidade pensada para quem tem carro. A faixa do ônibus é a via mais calma dentre todas as opções disponíveis nesses locais”, diz. Para o coordenador, a ampliação do número de binários, que transforma ruas paralelas em mãos de sentido único e aumenta a velocidade de tráfego, acaba limitando ainda mais as opções das bicicletas. “Estas são vias inóspitas aos ciclistas, voltadas à fluidez e velocidade dos carros. A faixa de ônibus pode ser uma solução porque passam menos ônibus ali do que carros nas faixas de carros”.
Segundo ele, a proposta tem base no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que estabelece que na ausência de vias destinadas às bicicletas, esses modais devem circular nos bordos da pista de rolamento. Segundo a proposição, as faixas teriam sinalização vertical e horizontal, conforme as regras do Departamento Nacional de Trânsito.
De acordo com França, a intenção é diminuir o risco que os ciclistas correm todos os dias em seu trajeto. “A cidade foi se adaptando ao carro, então hoje o carro tem todas as alternativas, e os outros modais não. Se não querem compartilhar, qual a alternativa para quem usa a bike? O debate tem que existir. Ou compartilhamos ou se cria uma alternativa mais atraente”, defende. Ele reforça que mesmo sem regulamentação, alguns ciclistas já fazem uso do espaço. “Sendo proibido ou não, o ciclista vai usar. Ele existe, se locomove pela cidade, e tem que ter uma via adequada para isso”, ressalta.
França reconhece que existem erros por parte dos ciclistas, mas acredita que deve haver tolerância e respeito por parte de todos. “Quando o ciclista se coloca em situação de risco, o maior, no caso o ônibus, é obrigado a protegê-lo. Por mais que esteja errado, o motorista não pode dirigir perigosamente, ameaçá-lo. Falta essa educação”, destaca.
Posição contrária
A Urbs é contrária ao projeto por questões relacionadas à segurança. O órgão considera que tanto ciclistas quantos os passageiros dos ônibus ficarão mais vulneráveis no trânsito ao colocar em prática a proposta.
Para exemplicar esse risco, a assessoria de imprensa do órgão citou os acidentes que ocorrem nas canaletas - espaço que não é o foco do projeto, mas no qual se vê ciclistas trafegando. De acordo com a Urbs, um ciclista atropelou um pedestre na manhã desta quinta-feira (13) nas proximidades da estação tubo Major Heitor Guimarães, no Campina do Siqueira. A vítima teve de ser encaminhada para um hospital.
Procurada, a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) informou que não comenta projetos de lei.
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