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Garis têm dificuldade em recolher as bitucas do gramado da Praça do Japão. | Cecília Tümler/Gazeta do Povo
Garis têm dificuldade em recolher as bitucas do gramado da Praça do Japão.| Foto: Cecília Tümler/Gazeta do Povo

Quem trabalha e mora no entorno da Praça do Japão, no bairro Água Verde, em Curitiba, está incomodado com a quantidade de bitucas de cigarro jogadas no gramado do local. Proibido por lei , o ato de jogar cigarro nas ruas é um dos principais motivos para o entupimento de bueiros da cidade . E, além de poluir o ambiente, atrapalha quem costuma usar o gramado para descansar.

“Às vezes as pessoas parecem esquecer que o cigarro também é um lixo. O gramado daqui sempre tem várias bitucas”, conta o taxista Eduardo Duarte, que trabalha há 10 anos no ponto da praça. Segundo Duarte, vários funcionários dos prédios comerciais do entorno usam o local para fazer uma pausa para fumar, e a bituca acaba sendo tratada com menos cuidado do que outros tipos de rejeitos.

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Para o também taxista José Martins, que está há um ano no mesmo ponto, as bitucas incomodam principalmente pelo tamanho pequeno do objeto, o que dificulta o trabalho dos garis na retirada do gramado. O problema já está inclusive gerando iniciativas populares que tentam resolvê-lo: “Tem um senhorzinho que mora por aqui e pelo menos uma vez por semana aparece com um espeto para catar o lixo e as bitucas, uma por uma”, comenta Martins. O taxistas, inclusive, se revezam para varrer a calçada em frente ao ponto diariamente.

A vendedora Priscila Barbosa, que costuma frequentar a praça diariamente, conta que já saiu com bituca de cigarro presa na roupa depois de sentar no gramado para descansar: “Aqui é normal as pessoas aproveitarem uma sombra debaixo da árvore, mas realmente com essas bitucas fica complicado”, conta. Para Priscila, trata-se de uma questão da conscientização dos fumantes, que deveriam guardar o resto do filtro até encontrar uma lixeira ou bituqueira.

Falta de costume

Os fumantes, enquanto isso, admitem que jogar as bitucas nas ruas é parte de um costume ruim do curitibano. Uma exceção é o fotógrafo Osvaldo Luz Tanno, fumante há 11 anos que usa bicicleta como meio de transporte e tem a Praça do Japão como ponto de parada diariamente. “Faço questão de jogar o resto do cigarro no lixo, mas isso é visto como algo fora do comum”, conta .

A falta de costume é tão grande, que Osvaldo explica que outros fumantes ficam surpresos com sua atitude de jogar bitucas no lixo. “Uma vez eu estava fumando de frente para uma moça e ela ficou me olhando com cara de incrédula quando eu atravessei a rua só para jogar o cigarro no lixo”. Entretanto, de acordo com o fotógrafo, muitas vezes o problema está em encontrar uma lixeira adequada para o descarte, ou que ela seja posicionada próxima dos locais de fumo.

Já o entregador Alisson Alberti Gomes, fumante há 10 anos, acha que a mudança da lei, que proibiu o fumo em diversos estabelecimentos, como restaurantes e bares, contribui para o aumento das bitucas nas ruas: “Antes as pessoas fumavam dentro dos locais, que tinham cinzeiros e faziam o descarte”. Outro ponto levantando por Alisson é que, mesmo descartando o o cigarro, ainda existe o perigo das lixeiras pegarem fogo caso as bitucas não tenham sido apagadas corretamente. “O ideal é que fossem instaladas bituqueiras aqui na praça”, sugere.

A prefeitura de Curitiba afirma não ter nenhum plano para instalação de bituqueiras na cidade. Em nota, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) explica que “atua na sensibilização da população em relação aos danos que podem ser causados pelo descarte incorreto das bitucas de cigarro”. A forma com que isso é feito, porém, não foi especificada.

A SMMA explica que as bitucas de cigarro são responsáveis por, junto de outros detritos, entupir os bueiros da cidade. Segundo a secretaria, são feitas limpezas diárias para a remoção de lixo. O trabalho resulta, em média, na retirada mensal de cerca de 20 metros cúbicos a 30 metros cúbicos de entulhos das caixas de captação e bueiros da cidade - quantidade suficiente para encher três caçambas .

Segundo o artigo 91 da Lei Municipal 11.095/2004, é “proibido lançar ou depositar [lixo] na via pública, passeios, praças, jardinetes, bocas de lobo ou qualquer outro espaço do logradouro público”. A multa, de acordo com a legislação, é de R$ 400 ao infrator. Mas, mesmo com a existência da lei, praticamente não há fiscalização, tornando-a ineficiente.

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