Cadela Jane, morta na última segunda-feira, evoluiu os trabalhos de buscas no Corpo de Bombeiros.| Foto:

O Corpo de Bombeiros do Paraná está de luto pela morte da cadela Jane, que atuou por 10 anos na corporação e foi essencial para tornar o serviço de busca e resgate com cães do estado referência em todo o Brasil. Mestiça da raça bloodhound, cujo faro é um dos melhores do mundo, Jane foi o primeiro cachorro de busca e salvamento dos bombeiros.

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Ela também foi um dos primeiros cães do país a ter certificado oficial para a técnica de rastreio, em que o cachorro faz a busca a partir do odor da própria pessoa procurada usando, por exemplo, uma peça de roupa de quem desapareceu.

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O animal tinha 13 anos e morreu na segunda-feira (8). Jane foi submetida a uma cirurgia para remover um tumor na boca e não resistiu. A cadela foi cremada na terça-feira (9) e os restos mortais foram depositados no Memorial de Cães da PM no Crematório Petworld, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, com uma placa em sua homenagem.

"A Jane proporcionou muito aprendizado para o nosso canil. Mesmo depois de aposentada ainda ajudou muita gente. É difícil pensar na morte dela", lamenta o tenente Luiz Henrique Vojciechovski, chefe de operações terrestres do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), grupo especializado em buscas do Corpo de Bombeiros.

Jane foi um dos primeiros cães do Brasil com certificado de rastreio.

Jane foi incorporada à corporação pelo Gost em 2006. Em 2017, o animal se aposentou do trabalho de buscas e passou a viver na casa do soldado Rodrigo de Oliveira Santos. Mesmo fora das operações, Jane seguiu representando o Corpo de Bombeiros.

Ao se aposentar, passou a participar de atividades assistidas em hospitais e casas de apoio, levando alegria a quem estava internado. E o carinho dos pacientes era tanto com ela que os bombeiros chegaram a confeccionar bonecos de pelúcia de Jane para distribuir.

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De tão querida, Jane ganhou uma versão de pelúcia para as visitas nos hospitais.| Foto: Corpo de Bombeiros do PR

Apesar de a mãe, uma pastora americana, não ser vinculada a trabalhos de buscas, o pai, chamado Hurt, foi um dos pioneiros da raça bloodhound a ser usado pela Polícia Militar (PM) na atividade de rastreio. O irmão de Jane, Jack, também chegou a ser treinado para o mesmo serviço, mas acabou morrendo ainda jovem.

Treino específico

Diferentemente dos cães treinados para encontrar vítimas de desastres – caso de áreas de soterramento, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) –, a raça de Jane é especializada em buscar pessoas pelo cheiro específico. Como em cenas de filme, a cadela era exposta a um determinado odor e, a partir dele, saía em busca do alvo.

O tenente Vojciechovski afirma que a cadela participou de diversas missões. Mas uma chamou a atenção. "Lembramos muito bem de um simulado de busca de uma vítima em uma área de reflorestamento de 40 mil metros quadrados. Colocamos 50 pessoas para fazer busca simultânea, eles buscaram a vítima por uma hora e não conseguiram localizar. Depois, para mostrar a efetividade do cão, colocamos a Jane numa área bastante semelhante e ela localizou a vítima em apenas 7 minutos", relembra o tenente.

Jane atuou 10 anos pelo Gost, grupo especializado em buscas do Corpo de Bombeiros.| Foto: Corpo de Bombeiros do PR
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A eficiência era tanta que em 2013 Jane se tornou o primeiro cão do Corpo de Bombeiros do Paraná a receber o certificado de reconhecimento nacional pela técnica de rastreio. Para obter o documento, o animal passou pelo crivo de um juiz que avaliou em detalhes se Jane apresentava as características e as condições mínimas exigidas para a prática.

"A Jane foi nosso primeiro cão certificado e foi uma das pioneiras neste serviço. São coisas que no Brasil só estão se desenvolvendo agora, mas, quando ela iniciou os trabalhos, o serviço de cães nos Bombeiros do Brasil inteiro ainda era um embrião", orgulha-se o tenente Vojciechovski .

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]