O desnível formado entre as tampas de bueiro e o asfalto se transformou em um grande problema enfrentado diariamente por motoristas que circulam pelas ruas de Curitiba. Segundo eles, esses buracos chegam a ter até sete centímetros de profundidade em alguns pontos da cidade — o que pode não só danificar a parte mecânica dos veículos como, pior, causar acidentes.
O motoboy Nelson Garcia, de 49 anos, já perdeu a conta de quantos sustos levou por causa disso. “Não dá para ver o bueiro de longe, então a gente bate nele e sai cambaleando com a moto, correndo o risco de atingir outro veículo e cair”, disse o motociclista, que já recebeu muitas buzinadas por isso. “Os outros acham que a gente perdeu o controle da moto e começam a buzinar”.
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Além disso, as tampas desniveladas também afetam a segurança de quem trafega de carro. “Se eu desvio para não dar solavanco, posso bater em outro veículo. E se eu freio em cima, também posso causar um acidente. É algo muito sério”, alertou o taxista Marcelo Faria dos Santos, 49 anos.
A situação é ainda pior em dias de chuva, quando os espaços enchem de água e o motorista só percebe a cavidade no momento em que passa por ela. “Aí a gente bate mais forte e estraga suspensão, molas e outras partes do veículo”, pontua o caminhoneiro João dos Santos, 48 anos, que trabalha com entregas no Centro de Curitiba e diz acumular prejuízos por causa dessas crateras. “Nossa empresa precisou gastar R$ 3 mil para trocar o diferencial de um dos caminhões depois que ele bateu em um bueiro desse”, lamentou.
Por que estão na rua?
De acordo com o engenheiro civil Donato Ciorcero, do Departamento de Pontes e Drenagem, da Secretaria Municipal de Obras Públicas, grande parte dessas tampas redondas de metal que incomodam os motoristas são, na verdade, tampas de poços de visita - que dão acesso às galerias pluviais localizadas abaixo do asfalto. “Em muitos casos, a única opção para passagem do tubo é no meio da rua devido a outras tubulações e postes na calçada. Então, a tampa precisa estar ali”, explica.
Bueiros nas ruas chegam a danificar carros em Curitiba.
No entanto, ela não é instalada com desnível. “A diferença de altura ocorre após algum serviço de recapagem asfáltica, quando a colocação de mais uma camada no asfalto faz com que o tampão fique mais baixo”, explica Ciorcero.
Por isso, sempre que há algum serviço de recape acontecendo pela cidade — como tantos que vêm sendo feitos pelas capital —, o motorista de aplicativo Fausto Silva Dias, de 40 anos, já espera encontrar os bueiros em desnível. “Se o asfalto é novo, eu sei que vou encontrar buracos no meio da rua. Não entendo porque não nivelam essas tampas já nas obras”, reclama.
Obra de nivelamento
Segundo Donato, o nivelamento não pode ser feito durante a recapagem porque é necessário finalizar o serviço no asfalto para verificar sua altura final. “Além disso, o serviço é realizado por uma equipe diferente daquela que faz o recape”.
Assim, a rua acaba liberada para tráfego antes de estar completamente finalizada, e o motorista precisa diminuir a velocidade e ter mais atenção ao trafegar por ali. “Viu um asfalto novo? Ande devagar: ainda falta nivelamento e sinalização horizontal na via”, orienta a coordenadora técnica das obras de Curitiba, Guacira Civolani.
Só que, na prática, muitas ruas com asfalto velho ainda sofrem com esses desníveis no meio do caminho. Assim, o que a coordenadora pede é que a população entre em contato com a prefeitura pela Central 156 (telefone ou internet) sempre que encontrar uma tampa de bueira afundada no asfalto. “Uma equipe fará a vistoria no local para verificar se a tampa é de responsabilidade da prefeitura ou de outras concessionárias como Sanepar, Copel e as companhias telefônicas”. A empresa responsável será avisada e o nivelamento deverá ser agendado.
No serviço, será necessário arrancar o asfalto no entorno da tampa para retirá-la, e o espaço será preenchido com massa asfáltica. O trabalho é realizado em parceria com a Superintendência Municipal de Trânsito (Setran) e demora, em média, 24 horas, para ser concluído.
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