As calçadas em várias ruas do bairro Bacacheri, em Curitiba, escondem várias armadilhas para quem caminha pela região. E no meio do caminho não há apenas pedras, mas também buracos, desníveis e até mesmo raízes de árvores que dificultam o trajeto dos pedestres, que muitas vezes precisam improvisar para não se machucarem. A situação é ainda mais delicada para os idosos, que precisam de atenção redobrada para evitarem cair e se machucarem com mais gravidade.
O aposentado João Cláudio Daldegan faz parte dessa estatística do bairro. Aos 74 anos, ele conta já ter caído algumas vezes na rua por causa das péssimas condições das calçadas. “Só não me machuquei mais porque coloquei a mão na frente. Tenho artrose e tenho que me cuidar”, conta. Para evitar novos acidentes, Daldegan já adotou algumas estratégias. “Para não cair de novo, me apoio no muro, para ter mais firmeza”.
Situação semelhante é vivida pela também aposentada Roseli Matoso dos Santos, de 60 anos. Ela realizou uma cirurgia ortopédica recentemente e precisa ir todos os dias a uma das clínicas de reabilitação e fisioterapia na região. Para isso, contudo, ela precisa passar por todos os buracos e desníveis do caminho. “As calçadas estão péssimas, ruim principalmente para quem fez cirurgia, como eu, que operei e coloquei uma prótese do joelho. Aqui, se errar um passo a gente cai e ‘quebra tudo’”, opina Roseli.
Segundo a dona de uma dessas clínicas, Bernadete Bozza, o problema é ainda maior porque muitas das pessoas que passam pelas calçadas do Bacacheri são idosos, pessoas com dificuldade de locomoção ou que passaram recentemente por algum tipo de cirurgia, como Roseli. “Vários pacientes na nossa clínica já caíram aqui. Uma senhora chegou a ir para o pronto-socorro depois de uma queda”, relembra. “Os problemas nas calçadas são uma queixa frequente”.
A cargo do morador
Segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas, as “calçadas são de responsabilidade dos moradores e proprietários de imóveis ou comércios que ficam em frente”. Além disso, ela destaca que existe uma lei específica que define as regras e responsabilidades sobre calçadas na cidade.
No entanto, em caso de danos de raízes de árvores, a prefeitura informa que faz uma avaliação e, se constatar que foram as raízes que danificaram, o município providencia o conserto. A população pode entrar em contato e fazer o requerimento. O procedimento é ligar no 156 e fazer um protocolo sobre o pedido. Equipes de manutenção das Administrações Regionais fazem avaliações preliminares a partir dos pedidos realizados.
Conforme a nota da secretaria, todas as obras de revitalização de grandes avenidas e ruas já contam no projeto com novas calçadas que seguem as normas de acessibilidade. O mesmo serve para obras de implantação de novas vias.
Ainda de acordo com o Executivo municipal, a prefeitura executa a manutenção quando as calçadas são danificadas por obras de concessionários, como Copel e Sanepar, e nos calçadões da área central: Rua das Flores, Senador Alencar Guimarães, trecho da Saldanha Marinho, no entorno de praças e área públicas, e em algumas ruas de maior fluxo de pedestres.