Segue afastada pela prefeitura de Curitiba a atendente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que orientou deixar a vítima morrer caso não quisesse atendimento. O caso aconteceu sábado (5), durante ligação feita pelo empresário Valdeci Mikuska, 52 anos, quando tentava socorrer um imigrante venezuelano ferido na cabeça e desacordado no canteiro da Avenida Santa Bernadete, entre os bairros Fanny e Lindoia. “Se ele não quiser atendimento e quiser morrer aí, o problema é dele”, respondeu a atendente quando Mikuska ligou pedindo uma ambulância. A atendente também responderá a um processo interno.
Mikuska contou que estava no carro com o sobrinho quando viu o homem caído no canteiro. Sem ideia da gravidade dos ferimentos e com o rapaz desacordado, o empresário decidiu ligar para o Samu. “Você liga para um órgão achando que vai te ajudar e de repente o que eles pedem é para fazer uma entrevista com o homem que estava caído, desacordado ali”, desabafou, referindo-se à série de perguntas que a atendente queria que ele fizesse ao homem ferido para verificar se precisaria realmente enviar uma ambulância.
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A ira do empresário tem a ver com o fato de que, mesmo com o ferido desmaiado, a atendente queria uma autorização da própria vítima para enviar auxílio. “Se ele não quiser e se ele quiser morrer, daí o problema é dele. O senhor tem que perguntar para ele se quer atendimento”, insistiu a mulher na conversa, que foi gravada automaticamente por um aplicativo de celular.
“Eu falei para ela que era um ser humano caído ali. Imagina, nem um cachorro a gente deixa jogado no meio da rua. Aí quando fui perguntar para o rapaz, ela desligou”, acrescentou Mikuska.
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Segundo o empresário, a segunda ligação surtiu efeito e a ambulância chegou vinte minutos depois. Nesse meio tempo, o empresário conseguiu que o ferido respondesse algumas perguntas. Ficou sabendo que se tratava de um venezuelano de 35 anos e que disse ter levado um soco. “Mas ele parecia meio alcoolizado, então chegamos à conclusão de que ele caiu e se machucou”, contou o empresário.
Conduta reprovável
Domingo, quando o caso veio à tona, a prefeitura informou ter reprovado a forma como a atendente tratou do caso. “O primeiro atendimento do Samu não foi o correto”, disse, em nota.
Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, acrescentou que, mesmo já afastada, a atendente terá a conduta avaliada por uma comissão interna e, dependendo do que for constatado, poderá até mesmo ser exonerada. “Ela vai poder se manifestar, vai se constituir uma comissão e essa comissão vai determinar se é o caso de dar uma advertência, ou uma suspensão, ou uma exoneração”, afirmou.
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