Seja nas relações pessoais ou na vida pública, uma característica era comum a Luiz Carlos Caíto Quintana, o Caíto: ele era um agregador. O político do MDB exerceu oito mandatos como deputado estadual – com destaque na Assembleia Legislativa do Paraná por trabalhos como a relatoria da Constituição paranaense em 1989 e a criação e presidência da Comissão Especial do Mercosul – sempre buscando a conciliação e a defesa dos interesses dos municípios do Paraná.
“Ele era um municipalista”, conta Júnior Zarur, que ainda jovem conheceu Caíto e depois atuou como seu assessor. “A grande bandeira dele sempre foi a descentralização do poder estadual para os municípios. Gostava de estar presente e sentir as necessidades dos prefeitos, independentemente de partido. Não era um deputado de gabinete”, completa. Caíto era um dos políticos paranaenses com maior número de títulos de cidadão honorário nas cidades. As homenagens não paravam nos títulos. Em Jundiaí do Sul, por exemplo, apesar de o ginásio de esportes local ter um nome oficial, era chamado pela população de “Caitão” por causa do parlamentar.
Natural de Santo Augusto (RS), o amor pelo estado do Paraná poderia fazer com que o confundissem com um nativo. Porém, o hábito das cavalgadas, o gosto por churrasco e chimarrão e os trajes típicos do extremo Sul do país que corriqueiramente utilizava confirmavam sua origem gaúcha. Planalto foi a primeira cidade escolhida por ele para morar no estado das araucárias, onde a partir de 1966 trabalhou como tabelião. Sua formação foi em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas de Santo Ângelo (RS).
Planalto fica no Sudoeste do estado, região que ficaria por toda a vida sob o olhar de Caíto. Foi no município que ele venceu sua primeira eleição, como vereador, em 1972. Dez anos depois foi eleito pela primeira vez como deputado, cadeira que ocuparia com mandatos consecutivos até 2004. Atuou como chefe da Casa Civil nos governos de Roberto Requião de 1991 e 2002. Esta função e a de relator da Constituição do Paraná, particularmente, eram motivo especial de orgulho para ele, assim como ter sido líder de partido e oposição pelo MDB.
Como deputado, presidiu a CPI dos Bingos, foi eleito em 1999 como vice-presidente da Assembleia Legislativa, assumindo como presidente interino duas vezes. O pagamento por “royalties” ao Paraná pelas terras inundadas para a construção de hidrelétricas foi uma das lutas que lhe geraram destaque como parlamentar, assim como o intuito de reabrir a Estrada do Colono e a construção da ponte internacional ligando o município de Capanema à Argentina.
Não hesitava em reunir os amigos e colegas em sua casa sempre que pudesse. “Ele era muito cordial, gostava de chamar as pessoas para bater um papo na casa dele, tocar violão e confraternizar”, conta o amigo Rogério Carboni. Caíto Quintana teve duas filhas, uma delas já falecida, e uma neta. Deixa esposa.