A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) tem cerca de 30 dias para avaliar o projeto da Prefeitura de Curitiba para atualização da Planta Genérica de Valores (PGV), que altera o cálculo do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e da taxa de lixo na cidade. A solicitação foi enviada em regime de urgência sob argumento de corrigir falhas que existem hoje nos dados cadastrados e evitar aumento expressivo ao contribuinte em 2023.
Receba notícias do Paraná pelo WhatsApp
“Sem essa aprovação da Câmara, teremos que atualizar o valor dos 950 mil imóveis da capital considerando cerca de 60% de inflação entre 2015 e 2022 e mantendo as alíquotas atuais, que são mais altas do que as que estamos propondo”, afirma Sergio Primo, diretor de rendas imobiliárias da Secretaria de Planejamento, Finanças e Orçamento. “Essa situação pode fazer com que os tributos aumentem sem refletir a realidade de cada residência ou comércio”.
Segundo ele, isso ocorre porque os valores venais dos imóveis – ou seja, seu preço em relação à localização e características – estão defasados, com diversas unidades usando dados de 1974. “A última atualização da PGV foi aprovada em 2014 e reeditada em 2017, mas o zoneamento utilizado era referente à Lei da década de 70”, informa o diretor. Por isso, mesmo com a Lei de Zoneamento de 2000, muitos valores do IPTU continuaram vinculados à regra anterior.
“Isso faz com que imóveis do mesmo tamanho, na mesma região e com características semelhantes paguem valores completamente diferentes”, afirma Sérgio, ao citar o exemplo de dois condomínios da capital. “Eles estão localizados na mesma rua, um de frente para o outro, mas um paga mais que o dobro de IPTU em relação ao outro, então o síndico nos procurou para verificar a situação”, relata.
A secretaria buscou informações a respeito dos dois condomínios e percebeu que aquele com menor taxa ainda tem seu imposto vinculado às regras de zoneamento de 1974, que indicavam uma área agrícola naquele endereço. “Só que hoje é uma região residencial, que tem valor de mercado muito diferente”, pontuou, ao citar a importância de corrigir essas falhas e injustiças fiscais. “Condomínios vizinhos como esses precisariam ter o mesmo IPTU”.
O que muda com a nova PGV proposta pela prefeitura de Curitiba?
E foi esse objetivo que fez a prefeitura sugerir a reavaliação dos terrenos — realizada por meios digitais com tecnologia via satélite — a fim de conferir a região em que os imóveis estão localizados, como são as vias de acesso e também suas características. “Com esses dados, consigo chegar a um valor muito próximo do valor de mercado”, informa o diretor.
No entanto, como essa atualização tende a aumentar o valor venal, ele explica que a proposta da prefeitura é reduzir as alíquotas, que são os percentuais usados para calcular o imposto.
Dessa forma, a taxa para imóveis residenciais, que atualmente varia de 0,20% a 1,10% seria trocada por 0,22% a 0,80%. Já para imóveis não residenciais, que vão de 0,35% a 1,80%, o valor ficaria entre 0,40% a 1,35%. Imóveis territoriais, por sua vez, passariam de 1% a 3% para 0,50% a 1,65%. O projeto também traz, como novidade, tributação para imóveis de uso misto, com alíquota variando de 0,24% a 0,88%.
“Teremos, então, o valor venal atualizado e ainda uma alíquota menor para chegarmos ao equilíbrio com arrecadação dentro do orçamento previsto, de forma justa, factível e que esteja clara para o contribuinte”, pontua Sérgio Primo.
Além disso, ele conta que a proposta também prevê ampliação da faixa de valor das alíquotas menores, pois a atual legislação aplica 0,20% apenas para imóveis de até R$ 38.645,00. Com a mudança, essa faixa com menor alíquota subiria para R$ 160.000,00. “E também vamos atualizar o cálculo da taxa de lixo para beneficiar quem usa pouco esse serviço e equilibrar o valor pago por quem utiliza mais”.
Revisão da Taxa de Lixo
Na proposta enviada à CMC, o cálculo passa a considerar o potencial de geração de resíduos relacionado à área construída e quantidades de coletas semanais. Atualmente, essa cobrança é fixa no valor de R$ 286 para imóveis residenciais — com redução de 50% para os contribuintes com renda limitada —, e R$ 489 para imóveis não residenciais.
“Só que há muita diferença entre o escritório que joga no lixo apenas um filtro do café e algumas folhas de papel e aquela casa ou empresa com potencial gerador de lixo muito maior”, aponta. “Então, queremos que imóveis com metragem pequena e três coletas semanais paguem menos do que aqueles acima de 400 m² que têm seis coletas semanais”.
Com essa mudança, a taxa de lixo residencial ficará entre R$ 165,00 a R$ 363,00 e a não residencial deve variar entre R$ 244,50 e R$ 904,00 com valor máximo para áreas construídas maiores que 400,00 m² e valor mínimo para escritórios e salas de até 50 m². “É a busca pelo equilíbrio para que o usuário possa pagar conforme seu uso”, argumenta Sérgio.
Limitadores evitam o aumento expressivo no imposto
Por fim, o projeto também apresenta limitadores para evitar aumento expressivo no IPTU e na taxa de lixo em situações desatualizadas. Segundo a prefeitura, a majoração da soma desses tributos não poderá ultrapassar R$ 250 ou 20% da taxa paga anteriormente somada à inflação no período de dezembro a novembro.
Dessa forma, aproximadamente 20% dos imóveis da capital terão queda no valor em relação a 2022; 43% terão variação inferior a 30% ou R$ 250; e 37% variação limitada a 30%. “Mas isso se o projeto for aprovado em regime de urgência pela Câmara de Vereadores para que possamos efetivar as mudanças já na cobrança de 2023”, informa o responsável pela Secretaria de Planejamento, Finanças e Orçamento.
A proposta segue em tramitação nas comissões da CMC
Enviada este mês para a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) em regime de urgência, a proposta precisa ser avaliada pela Comissão de Constituição e Justiça, Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, e ainda pela de Urbanismo, Obras Públicas e TI até 30 de novembro. Depois desse prazo, será levada ao plenário para votação.
Vereadores como o líder do governo Pier Petruzziello (PP) e a líder da oposição Carol Dartora (PT) já tiveram acesso à proposta e estão avaliando o projeto. No entanto, prefere aguardar os trâmites normais da casa para se manifestar.
Como a eleição de Trump afeta Lula, STF e parceria com a China
Moraes não tem condições de julgar suposto plano golpista, diz Rogério Marinho
Policial federal preso diz que foi cooptado por agente da cúpula da Abin para espionar Lula
Rússia lança pela 1ª vez míssil balístico intercontinental contra a Ucrânia
Deixe sua opinião