Quase um ano e meio depois de ter sido lançada, a Cartilha de Diversidade Sexual criada pela Prefeitura Municipal de Curitiba já teve mais de 4 mil exemplares impressos distribuídos. O material abrange a temática LGBTQIA+ e traz conteúdo com orientações sobre os direitos humanos e civis dessa população. Sua distribuição em locais próximos a templos religiosos, no entanto, tem incomodado alguns fiéis.
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É o caso da empresária Carla Rocha, que viu o material disponível para consulta dentro de um ônibus da Prefeitura de Curitiba, nas imediações do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Alto da Glória. Segundo ela, durante a realização de uma novena, os fiéis foram informados de que haveria equipes da Prefeitura distribuindo materiais de apoio e conscientização sobre a violência contra a mulher.
Ao final da cerimônia, contou Carla à Gazeta do Povo, ela foi até o ônibus da Prefeitura que estava estacionado próximo ao Santuário. Ao chegar ela disse ter percebido outros materiais além daqueles que foram divulgados durante a novena, como a Cartilha de Diversidade Sexual.
“Peguei essa cartilha, abri e comecei a folhear o material. Olhei para uma das moças e perguntei: ‘Vocês estão distribuindo isso na porta de uma igreja?’. E ela respondeu que sim, e que tinha sido feita uma reunião com o padre, que autorizou a distribuição. É uma heresia para qualquer cristão. Duvido que o padre tinha tido contato com aquele material antes de autorizar essa divulgação”, disse a empresária.
Procurada pela reportagem, a direção do Santuário informou, por meio de nota encaminhada pela assessoria de imprensa, que o espaço foi cedido após contato feito pela Prefeitura. “É uma parceria de gentileza, em que o Santuário cedeu espaço para o poder público falar com a população. O Santuário respeita e não interfere na atuação da Prefeitura Municipal em seus vários âmbitos. O Santuário apenas disponibiliza locais e ambientes para ajudar no auxílio social e criar espaços de cidadania”, afirma a nota.
Segundo Prefeitura, padre viu a cartilha antes da distribuição
Por sua vez, a Assessoria de Direitos Humanos e Políticas para Diversidade Sexual da Prefeitura de Curitiba afirmou que houve contato telefônico e reunião presencial com o padre representante, que “inclusive, viu antecipadamente o material que foi distribuído”.
Na resposta enviada à Gazeta do Povo, a assessoria informou também que não há um plano específico de distribuição da cartilha em locais como templos religiosos e igrejas, e que os materiais são disponibilizados conforme solicitação. Ao contrário do que diz o Santuário, a prefeitura alega que o contato foi feito pela instituição religiosa.
“A entrega do material no referido santuário atendeu a um pedido feito pela própria congregação. De acordo com essa solicitação, a congregação gostaria de abordar questões de violência contra mulheres e outros temas ligados aos direitos humanos, como racismo e violência contra população LGBTQIA+”, esclarece a nota.
Não há uma meta de distribuição da Cartilha de Diversidade Sexual
Por fim, a assessoria reforça que não há uma meta de distribuição da cartilha, e que o material serve de apoio ao trabalho desenvolvido pela Assessoria, como discussões com grupos ligados ao tema sobre demandas e políticas públicas na área.
“A cartilha tem como objetivo promover esclarecimentos sobre questões da área, muitas delas referentes a direitos civis e humanos contemplados tanto na Constituição brasileira quanto na Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. Com isso, ela pretende contribuir para diminuir preconceitos e discriminações, muitas das quais se transformam em casos de violência, manifestação de ódio e desrespeito a cidadãos e cidadãs”, concluiu a nota.
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