A votação que definiu o retorno do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao cargo - ele havia sido afastado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro - fez com que os taxistas que partiram de Curitiba e Região Metropolitana para protestar na capital do país voltassem para casa sem o resultado esperado. No lugar de acompanharem as discussões sobre o projeto que regulamenta os aplicativos como Uber, Cabify e 99POP em todo o Brasil, eles conseguiram que os senadores marcassem uma nova data para a votação, terça-feira (24).
Os motoristas deixaram o Paraná na madrugada de segunda-feira (16) para solicitar que os senadores votassem a favor do projeto de lei que obriga os aplicativos de carona a utilizar a placa vermelha, para veículos que fazem transporte remunerado de carga ou passageiros. A votação estava prevista para a sessão da última terça-feira (17), mas não entrou em pauta devido à situação envolvendo o tucano.
De acordo com Rogério Felix, conselheiro da União dos Taxistas de Curitiba (UTC), a mudança pegou de surpresa os 5 mil motoristas que se reúnem em frente ao Senado, e o grupo continuou no local durante esta quarta-feira (18) aguardando que o assunto envolvendo os aplicativos fosse colocado na pauta do dia de maneira emergencial.
“Nossa manifestação continuou do lado de fora e cerca de 460 taxistas de diferentes lugares do Brasil entraram no prédio para conversar com os senadores de seus estados, os assessores e com o departamento jurídico pelos corredores”, afirmou.
Segundo ele, a intenção da conversa foi pressionar os senadores a votarem favoravelmente à lei que “regulamenta de forma justa a concorrência entre os aplicativos e os taxis”. No entanto, a votação também não entrou na pauta desta quarta-feira e os senadores apenas definiram uma data para que o assunto seja analisado em plenário. “Ficou para terça-feira que vem, então, estamos felizes porque o assunto será discutido”, afirmou.
Para Eduardo Fernandes, presidente da União dos Taxistas de Curitiba (UTC), a situação é positiva e mostra que a manifestação pressionou os senadores. “Depois de eles mostrarem que o Aécio era mais importante do que nós, ao menos decidiram analisar o projeto de lei a respeito dos aplicativos. Se não estivéssemos em protesto, talvez nem tivessem falado no assunto”, pontuou.
De acordo com ele, cerca de 90% dos taxistas de Curitiba que aderiram ao protesto retornam para a capital paranaense, enquanto alguns profissionais permanecem em Brasília até a data da votação.
Regulamentação em Curitiba
Na capital paranaense, o prefeito Rafael Greca (PMN) regulamentou por decreto o serviço de transporte individual de passageiros por meio de aplicativos. O decreto foi publicado no Diário Oficial do dia 19 de julho e passou a vigorar imediatamente.
Desde então, os taxistas têm realizado diversos protestos exigindo mudanças na regulamentação e concorrência justa. Em 26 de julho, um motorista de 44 anos se acorrentou à Ponte Estaiada e outros taxistas passaram no local para apoiar o colega.
Já na segunda quinzena de agosto, quase 500 taxistas da capital paranaense passaram a oferecer corridas ao preço fixo de R$ 20, valor que poderia ser dividido em até quatro pessoas, ao custo de R$ 5 cada. Chamado de Táxi Solidário, o ato mostrou a insatisfação da categoria em relação à regulamentação dos aplicativos e ainda teve o objetivo de impactar o transporte coletivo, que cobra atualmente R$ 4,25 por passagem.
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