A primeira audiência de instrução e julgamento da morte do jogador Daniel será marcada pelo encontro da família do atleta e o assassino confesso, o empresário Edison Brittes Jr. Na sessão desta segunda-feira (18), a partir das 13h30, a juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, vai ouvir 10 testemunhas de acusação. Entre elas, a mãe do jogador, Eliana Aparecida Corrêa Freitas, a tia, Iolanda Regina Corrêa de Assis, e a ex-mulher dele, Bruna Larissa Ferreira Martins. A partir destas audiências, a Justiça definirá se os sete acusados irão ou não a júri popular.
Logo após o assassinato, antes de confessar o crime à Polícia Civil, Edison chegou a ligar para familiares e amigos de Daniel para consolá-los pela morte. Gravações telefônicas feitas no dia 29 de outubro, dois dias depois que a Polícia Civil começou a ouvir os primeiros depoimentos na investigação, mostram que Brittes chegou a lamentar a morte do atleta diversas vezes e até consolou a família oferecendo ajuda. Mais tarde, a polícia descobriu que o chip do celular que Brittes usou para estas ligações pertencia a um homem executado a tiros em 2016 por envolvimento com receptação de veículos e adulteração de placas.
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Edison Brittes Jr está preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais e não vai ser ouvido nesta primeira sessão. Entretanto, a Justiça permite que o réu conheça sua acusação por inteiro. Por isso, o advogado que o representa, Cláudio Dalledone Jr, confirmou que seu cliente estará no fórum na tarde desta segunda. Edison é acusado de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilitando a vítima de defesa), ocultação de cadáver, coação de testemunhas, fraude processual e corrupção de adolescentes.
Cristiana Brittes e Allana Brittes, esposa e filha do assassino confesso, também acompanharão a primeira audiência. Assim como Edison Brittes Jr, elas não serão ouvidas pela Justiça nesta segunda-feira. Cristiana e Allana estão presas na Penitenciária Feminina de Piraquara. Cristiana é acusada de homicídio qualificado por motivo torpe, coação de testemunhas, fraude processual e corrupção de adolescente. Já Allana Brittes responde por fraude processual, coação de testemunhas e corrupção de adolescente.
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Os outros quatro réus do processo também devem acompanhar a audiência desta segunda-feira. Além da família Brittes, fazem parte do processo os jovens Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Willian da Silva, acusados de terem participado ativamente da execução do jogador. Os três respondem por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de adolescente. A última acusada é Evellyn Brisola Perusso, que não chegou a ser indiciada pela polícia, mas teve acusação do Ministério Público do Paraná (MPPR) aceita pela Justiça. Ela é a única que responde em liberdade - as acusações são falso testemunho e denunciação caluniosa.
O advogado da família Brittes arrolou 48 testemunhas ao processo. São 17 testemunhas referentes a Edison Brittes, 15 de Cristiana e 16 de Alana. Já o MPPR, responsável pela acusação, arrolou 14 testemunhas para esta fase do processo, incluindo a família de Daniel.
“Não tenho ódio”
Em entrevista ao jornal Tribuna do Paraná em novembro de 2018, quase um mês após a morte do filho, Eliana Aparecida Corrêa, que mora na cidade de Conselheiro Lafaiete (MG), afirmou não ter ódio do assassino de seu filho. “Graças a Deus não tenho ódio no coração, porque se tivesse estaria muito pior. Não tenho ódio das pessoas que mataram meu filho. Tenho pena, muita pena. Que vida eles vão ter agora? Não é só a minha família que ficou destruída, a deles também”, revelou naquela oportunidade.
Daniel deixou uma filha que na época do assassinato tinha um ano. A última lembrança que a criança tem do pai, revelu Eliana na entrevista, é de dias antes de morrer o jogador brincando enquanto trocava a fralda dela. ”O Daniel veio para cá com a filha e no aeroporto parou no banheiro para trocar a fralda dela. Esses dias a mãe esteve no aeroporto e a bebê lembrou da troca de fralda. Chamou o papai”, relatou Eliana.
O caso
O meia Daniel, que teve passagem pelo Coritiba, Botafogo e São Paulo, havia participado da festa de aniversário de Allana Brittes em uma boate no bairro Batel na noite do dia 27 de outubro e na sequência foi para a casa dos Brittes continuar a comemoração. Lá, ele tirou fotos deitado na cama ao lado de Cristiana Brittes, esposa de Edison, as quais enviou a amigos pelo WhatsApp. Em entrevista a RPC logo antes de ser preso, Edison afirmou ter matado o jogador porque ele teria tentado estuprar Cristiana - versão a qual a Polícia Civil não sustentou durante as investigações.
O corpo do atleta foi encontrado no dia 28 de outubro de 2018 em um matagal em São José dos Pinhais com o pescoço quase degolado e o pênis decepado.
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