As audiências de instrução e julgamento do assassinato do jogador Daniel Corrêa de Freitas começam às 13h desta segunda-feira (18) no Fórum de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, com previsão de um embate ferrenho entre defesa e acusação. Além dos depoimentos de todas as vítimas de ambos os lados, esta parte do processo também vai decidir se os sete acusados, entre eles o assassino confesso, o empresário Edison Brittes Jr, vão ou não a júri popular.
As audiências serão conduzidas pela juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, onde o meia de 24 anos com passagens pelo Coritiba, Botafogo e São Paulo foi agredido e assassinado brutalmente. O corpo do atleta foi encontrado no dia 28 de outubro de 2018 em um matagal com o pescoço quase degolado e o pênis decepado.
Daniel havia participado da festa de aniversário de Alana Brittes, filha de Edison, em uma boate no bairro Batel na noite do dia 27 de outubro e na sequência foi para a casa dos Brittes continuar a comemoração. Lá, ele tirou fotos deitado na cama ao lado de Cristiana Brittes, esposa de Edison, as quais enviou a amigos pelo WhatsApp. Em entrevista a RPC logo antes de ser preso, Edison afirmou ter matado o jogador porque ele teria tentado estuprar Cristiana - versão a qual a Polícia Civil não sustentou durante as investigações.
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As audiências devem durar três dias e servirão para acusação e defesa apresentarem as sustentações orais dos seis réus do processo. Edison Brittes Jr é acusado de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilitando a vítima de defesa), ocultação de cadáver, coação de testemunhas, fraude processual e corrupção de adolescentes. Cristiana Brittes é acusada de homicídio qualificado por motivo torpe, coação de testemunhas, fraude processual e corrupção de adolescente. Alana Brittes responde por fraude processual, coação de testemunhas e corrupção de adolescente.
Além da família Brittes, também fazem parte do processo os jovens Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Willian da Silva, acusados de terem participado ativamente da execução do jogador. Os três respondem por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de adolescente. A última acusada do processo é Evellyn Brisola Perusso, que não chegou a ser indiciada pela polícia mas teve acusação do Ministério Público aceita pela Justiça. Ela é a única que responde em liberdade - as acusações são falso testemunho e denunciação caluniosa.
“Primeiro serão ouvidas as testemunhas da acusação e, em seguida, as da defesa. Por último os acusados serão interrogados”, explica o advogado da família Brittes, Claudio Dalledone Júnior. Brittes Jr. “Em linhas gerais, a defesa vai desmistificar muita coisa que se construiu em torno deste caso”, afirma Dalledone.
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Já para o advogado assistente de acusação, Nilton Ribeiro, que representa a família do jogador Daniel , o sentimento é tranquilidade. “Apesar de todo o abalo emocional que isso representa para a família do Daniel, estamos todos muito tranquilos, pois trabalhamos apenas com a verdade e temos confiança de que todos os acusados serão encaminhados ao tribunal do júri”, confia o advogado. Segundo Nilton, há todos os indícios necessários para que a Justiça encaminhe os réus à júri popular. .
A mãe do jogador, Eliana Aparecida Corrêa, também vai acompanhar a audiência. “Ela e todos os familiares do jogador passaram por um período de luto profundo e agora existe um forte sentimento de revolta por conta de toda a barbárie que aconteceu com o Daniel”, revela Nilton.
Outras acusações
As apurações do caso Daniel levaram a Polícia Civil a abrir outras investigações contra Edison Brittes Jr. Uma delas é de uma de luxo encontrada na casa do empresário mas que estava no nome de um traficante de drogas preso. A moto, modelo Honda Cbr 1000RR Fireblade, custa aproximadamente R$ 60 mil. Edison costumava postar imagens dele e Cristiana na moto nas mídias sociais quando participava de encontros de motociclistas.
Além disso, o chip do celular com o qual o assassino chegou a ligar para consolar a família e amigos de Daniel está no nome de um homem assassinado em 2016. Segundo o Ministério Público, o dono do chip teria ligações com receptação de carros roubados e foi executado.
O último caso que levou a investigação a descobrir mais uma irregularidade é a do carro com qual Edison levou Daniel para o matagal onde o jogador foi assassinado. O veículo, um Hyundai Veloster, pertenceria a um policial civil que está afastado de suas funções por responder a três processos na Justiça: assassinato, extorsão mediante sequestro e organização criminosa.
Edison também responde a outros dois processos antes do caso Daniel: por receptação de carro roubado e por porte ilegal de arma. Todos esses casos não fazem parte do processo cujas audiências começam nesta segunda.
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