O réu confesso do assassinato do jogador Daniel, Edison Brittes Jr., recebeu uma proposta para fugir da Casa de Custódia de São José dos Pinhais, onde esteve preso até a última sexta-feira (8), quando foi transferido para a Casa de Custódia de Curitiba, na Cidade Industrial. Segundo reportagem da RPC, um bilhete recebido por ele propunha que pagasse R$ 70 mil para conseguir fugir da cadeia.
De acordo com um relatório do Conselho Disciplinar do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Brittes Jr. recebia em média de 25 a 40 bilhetes, que variavam de assunto, desde fuga até pedidos para ligações para parentes de presos. No relatório, o preso negou que tinha a intenção de fugir e que não respondeu a nenhum bilhete.
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Em entrevista à RPC, o advogado de Brittes Jr., Cláudio Dalledone Jr., disse que não existe nenhum planejamento de fuga e que o bilhete é “obra de um estelionatário querendo vantagem financeira”. Em contato com a reportagem da Gazeta do Povo, a defesa disse que não se pronunciaria.
Foi devido a essa proposta de fuga que o Depen decidiu transferir o detento, alegando que isso poderia comprometer a segurança da Casa de Custódia de São José dos Pinhais. Antes da transferência, Brittes Jr. ficou em isolamento por dez dias por uma falta média, que seria relacionado à tentativa de dificultar ou ocultar algo ou algum fato.
Caso Daniel
O meia Daniel Corrêa Freitas, que teve passagem pelo Coritiba, Botafogo e São Paulo, havia participado da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edison Brittes Jr., em uma boate no bairro Batel na noite do dia 27 de outubro e na sequência foi para a casa dos Brittes continuar a comemoração. Lá, ele tirou fotos deitado na cama ao lado de Cristiana Brittes, esposa de Edison, as quais enviou a amigos pelo WhatsApp. Edison afirmou ter matado o jogador porque ele teria tentado estuprar Cristiana – versão a qual a Polícia Civil não sustentou durante as investigações.
O corpo do atleta foi encontrado no dia 28 de outubro de 2018 em um matagal em São José dos Pinhais com o pescoço quase degolado e o pênis decepado.
Cristiana e Allana estão presas na Penitenciária Feminina de Piraquara. Cristiana é acusada de homicídio qualificado por motivo torpe, coação de testemunhas, fraude processual e corrupção de adolescente. Já Allana Brittes responde por fraude processual, coação de testemunhas e corrupção de adolescente. Além da família Brittes, fazem parte do processo os jovens Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Willian da Silva, acusados de terem participado ativamente da execução do jogador. Os três respondem por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de adolescente. A última acusada é Evellyn Brisola Perusso, a única que responde em liberdade por falso testemunho e denunciação caluniosa.
Nos dias 18, 19 e 20 de fevereiro ocorreram os primeiros depoimentos das audiências de instrução no Fórum de São José dos Pinhais. Nos três dias foram ouvidas as testemunhas de acusação. Os depoimentos da defesa ocorrerão entre os dias 1.º e 3 de abril. Somente o advogado da família Brittes arrolou 48 testemunhas, sendo 17 de Edison Brittes, 16 da esposa Cristiana e 15 da filha Allana. Há ainda as 47 testemunhas dos outros quatro acusados, totalizando 95 pessoas a serem ouvidas. Somente ao fim dos depoimentos que os sete réus falarão frente à juíza Luciani Regina Martins de Paula, que decidirá se irão ou não a júri popular.
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