O empresário Edison Brittes, 38 anos, que confessou ter assassinado o jogador de futebol Daniel Corrêa Freitas, de 24 anos com passagem pelo Coritiba e São Paulo,mentiu em sua primeira versão sobre o crime. No primeiro relato, o empresário disse que ele mesmo teria arrombado a porta do quarto para salvar a esposa, Cristiana Brittes, 35 anos, de uma suposta tentativa de estupro por parte do atleta. Em depoimento à Polícia Civil quarta-feira (8), ele apresentou outra versão, dizendo que quem arrombou a porta foi um dos rapazes que estava na casa.
A versão falsa teria sido apresentada, segundo o advogado de Edison, Claudio Dalledone, para preservar pessoas próximas do empresário, entre elas, dois enteados do ex-vice-prefeito de São José dos Pinhais Jairo Melo. Os dois rapazes estavam na casa de Edison no dia do crime.A defesa dos jovens nega qualquer envolvimento. O próprio Edison afirmou que os irmãos estavam na casa mas não participaram do crime.
Daniel começou a ser espancado ainda na festa na casa de Edison em comemoração aos 18 anos da filha dele, Allana Brites, que também está presa. Muito machucado, o jogador foi levado no carro de Edison para um matagal de São José dos Pinhais, onde teve o pênis decepado e o pescoço quase degolado. O argumento do empresário de que Daniel teria tentado estuprar Cristiana é rechaçado pela investigação da polícia.
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No depoimento de seis horas quarta-feira, o empresário voltou a afirmar que matou o jogador porque ele teria tentado estuprar a esposa. Mas voltou atrás no que disse a respeito de ter arrombado a porta do quarto. À polícia, Edison disse que a porta estava trancada e teria sido arrombada por um dos enteados do político, enquanto o comerciante já estava no quarto, após entrar pela janela. Neste momento, Edison começou a chamar as pessoas que estavam na casa ver o que o atleta estaria fazendo.
No depoimento, Edison disse ainda que os irmãos não tiveram relação com a morte do jogador. Mesmo assim, o empresário teria chamado os dois para se encontrar com ele, Cristiana e Allana na praça de alimentação de um shopping em São José dos Pinhais um dia após o crime. A ideia do encontro, do qual participou também um amigo de Daniel, era fazer com que os jovens aceitassem a versão do empresário para o crime.
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No interrogatório, Edison disse ainda que a primeira versão foi para proteger os jovens. Ele disse aos jovens ainda na praça de alimentação que “bateria no peito tudo, tirando os demais da pedrada”.
O advogado que representa os enteados do ex-vice-prefeito Jairo Melo, Ricardo Dewes, nega a participação dos irmãos na morte e refuta a nova versão de Brittes. Embora os irmãos estivessem na festa, eles são considerados inicialmente como testemunhas. Para o advogado, não existe qualquer possibilidade de que um deles venha a se tornar suspeito pelo crime.
“Isso não se confirma. As versões do Edison são totalmente contraditórias. Essa é a terceira versão que ele está contando, até caiu em descrédito. A versão que a gente acredita é que a própria Cristiana abriu a porta do quarto e saiu”, contestou Dewes.
Detidos
Além da família Brittes, outras três pessoas estão detidas suspeitas de participarem da morte de Daniel. Nesta quinta, outros dois suspeitos de envolvimento no assassinato do jogador Daniel se apresentaram na Delegacia de São José dos Pinhais. Ygor King, 19 anos, e Willian Villeroy da Silva , 18 anos, são suspeitos de participarem do espancamento de Daniel.
De acordo com os advogados Robson Domacoski e Allan Smaniotto, que representam King e Silva, os dois foram ameaçados por Brittes. Os advogados também questionaram o pedido de prisão autorizado pelo Justiça, uma vez que os jovens já tinham se apresentando no começo da semana e foram dispensados pelo delegado que comanda as investigações, Amadeu Trevisan. Os dois devem depor na manhã dessa sexta-feira (9).
Na quarta-feira (7), outro suspeito de espancar Daniel foi preso em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Eduardo Henrique da Silva, 19 anos, é primo de Cristiana e deve ser transferido para São José dos Pinhais nesta quinta. “O que podemos adiantar é que ele participou da agressão sim e é um dos três que estavam dentro do veículo. Se participou da execução, este é um assunto que a autoridade policial deve esclarecer”, disse o advogado Edson Stadler, que defende Eduardo .
O caso
O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Jr, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.
À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa - versão questionada pela polícia. Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro de Edison. Segundo o empresário, ele decidiu matar o atleta com uma faca que tinha no carro. Entretanto, a polícia investiga se ele não pegou a faca de dentro de casa.
Daniel chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato. Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas.
Antes de ser preso, Edison chegou a ligar para a família e amigos de Daniel para prestar solidariedade. Allana também trocou mensagens com uma parente de Daniel afirmando que não houve briga na casa da família e que o jogador foi embora sozinho na noite do assassinato.
Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP). O corpo do jogador foi enterrado no dia 31 de outubro na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.
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