A Polícia Civil recolheu uma moto modelo esportivo usada pelo empresário Edison Brittes Jr, 38 anos, assassino confesso do jogador Daniel, encontrado morto em um matagal em São José dos Pinhais no último dia 27. De acordo com o delegado Amadeu Trevisan, responsável pelas investigações, a moto estava na casa do empresário, mas na verdade pertenceria a um traficante.
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Edison costumava postar nas mídias sociais fotos com ele e a esposa, Cristiana, 35 anos, na moto apreendida. Os dois participavam de encontros de motociclistas. O modelo esportivo Honda Cbr 1000RR Fireblade foi projetada baseada no modelo de competição pilotada pelo italiano Valentino Rossi, maior vencedor do Mundial de Motovelocidade, com seis títulos. O modelo zero custa cerca de R$ 60 mil.
O delegado responsável pelas investigações, Trevisan, afirmou que a moto “suscita muitas dúvidas”. Por isso agora a polícia vai levantar mais informações da moto, como a origem exata e como ela foi adquirida. Conforme caminhar essa averiguação, Trevisan pode abrir mais um inquérito contra Edison.
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“Vamos fazer o relacionamento dessa moto com a vida antecedente dele. Por que essa moto está lá? De quem é a moto? Ela pode até abrir um outro inquérito policial porque é uma moto que está no nome de um traficante, que está com ele há muito tempo”, declarou o delegado. O traficante em questão não teve o nome divulgado, mas sabe-se que ele está preso na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II).
A reportagem procurou o advogado Claudio Dalledone, que defende a família Brittes. Ele afirmou que ainda não havia sido informado da apreensão da moto e só comentaria quando ficasse inteirado da situação.
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Em 2015, Edison foi abordado em uma blitz com um carro com o chassi adulterado. A polícia constatou que o veículo, um Hyundai Sonata, tinha um alerta de roubo emitido em Porto Alegre (RS) de um ano antes. Em defesa, o advogado do empresário, Cláudio Dalledone, afirmou que seu cliente havia comprado o carro sem saber que ele era fruto de roubo.
Quinta-feira (8), Cristiana e a filha do casal, Allana, de 18 anos, foram transferidas para o presídio de Piraquara. Já Edison foi levado para o Centro de Triagem da Polícia Civil, no Centro de Curitiba.
Depoimentos
Outros dois suspeitos de envolvimento no assassinato de Daniel vão prestar depoimento ainda nesta sexta-feira. Igor King, 19 anos, e David Willian Villeroy da Silva, 18 anos, que se apresentaram quinta-feira (8) tiveram as prisões preventivas decretadas quarta-feira (7) e se apresentaram quinta (8) à polícia. Conforme o delegado, um deles será ouvido ainda pela manhã e o outro no começo da tarde.
Pouco antes das 10h os advogados dos jovens chegaram à delegacia. Robson Domacoski, um dos defensores da dupla, disse que eles estão preparados para “falar toda a verdade”.
Além deles, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, 19 anos, primo de Cristiana, também foi preso suspeito de ter participado das agressões contra o jogador. Ele foi detido na tarde de quarta em Foz do Iguaçu e chegará em Curitiba no fim da tarde desta sexta.
Trevisan espera ainda nos próximos dias converter todas as prisões temporárias em preventivas. O delegado aguarda os laudos feitos na casa de Edison e no matagal em que o corpo do jogador foi encontrado para fazer a solicitação à Justiça.
O caso
O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Jr, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.
À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa - versão questionada pela polícia. Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro de Edison. Segundo o empresário, ele decidiu matar o atleta com uma faca que tinha no carro. Entretanto, a polícia investiga se ele não pegou a faca de dentro de casa.
Daniel chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato. Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas.
Antes de ser preso, Edison chegou a ligar para a família e amigos de Daniel para prestar solidariedade. Allana também trocou mensagens com uma parente de Daniel afirmando que não houve briga na casa da família e que o jogador foi embora sozinho na noite do assassinato.
Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP). O corpo do jogador foi enterrado no dia 31 de outubro na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.