A bandeira laranja para frear a aceleração da Covid-19 em Curitiba completa nesta sexta-feira (11) duas semanas – exatamente o tempo de quarentena recomendado pelos médicos aos pacientes infectados - com estatísticas ainda muito altas.
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Pela avaliação da prefeitura, medidas como o fechamento de bares e casas noturnas, reforçadas por decretos que proíbem a circulação de pessoas e o consumo e venda de bebida alcoólica das 23h às 5h do dia seguinte, estão ajudando. Mas os resultados ainda são muito pequenos para que a cidade retorne tão cedo à bandeira amarela, menos restritiva.
No boletim de quinta-feira (10), Curitiba registrou 21 mortes e 1.492 novos casos. Já os leitos de UTI de Covid-19 estão 93% ocupados, com apenas 26 leitos livres. Além disso, o índice R, que mede a transmissão da doença, está em 1,22, o que significa que 100 pessoas infectadas transmitem o coronavírus a outras 122 pessoas – o indicado é que o índice fique abaixo de 1. Já os casos ativos na cidade são de 13.983 pessoas capazes de transmitir o vírus. Cenário que neste momento não permite nenhum tipo de afrouxamento nas restrições.
“A bandeira laranja vai seguir nos próximos dias. O cenário caminha para uma estabilização dos casos, mas ainda estamos em um patamar muito elevado”, admite o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, o médico Alcides Oliveira.
Apesar do cenário ainda muito preocupante, Oliveira avalia como positivos os resultados da bandeira laranja. Ao ponto de o diretor do Centro de Epidemiologia acreditar que os indicadores devam baixar em breve. Isso se a população continuar colaborando nas medidas de prevenção. “No último final de semana, alcançamos perto de 60% de isolamento social na cidade, o que é bom, porque vínhamos registrando bastante movimentação das pessoas aos sábados e domingos”, avalia Oliveira.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), esse isolamento maior impactou não só na capital, mas também na região metropolitana, gerando redução de aproximadamente 20% nos atendimentos de traumas como acidentes de trânsito e ferimentos por armas feitos pelas ambulâncias do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ou seja, menos gente sendo encaminhada aos hospitais, o que abre a possibilidade de mais leitos serem abertos aos pacientes de Covid-19.
Efeito rebote
O chefe da Epidemiologia em Curitiba porém faz uma ressalva. A perspectiva de alcançar melhores resultados com a bandeira laranja nos próximos dias pode ser ameaçada pela proximidade do início do verão, além dos feriados de Natal e Ano Novo. Tanto a circulação de pessoas para compras de fim de ano quanto os encontros familiares para a ceia de Natal e réveillon podem causar um efeito rebote, com o retorno rapidamente do crescimento acelerado de casos logo após queda.
“É neste momento de encontros familiares ou entre amigos que a doença reaparece. Se houver descuido no fim do ano, a doença vai voltar com força mais uma vez, como aconteceu na Europa”, alerta Oliveira. “Esse efeito já foi constatado no Japão, onde suspendeu as festas de fim de ano”, complementa.