Os casos de caxumba, infecção viral que afeta as glândulas salivares, estão aparecendo mais cedo neste ano em Curitiba. Só nos primeiros quatro meses de 2017, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, já foram registrados 1,5 mil atendimentos envolvendo a doença. Esse montante, observa a infectologista do Centro de Epidemiologia da prefeitura, Marion Burger, chama mais atenção pela época de surgimento do que pela quantidade. Os adultos são a maioria dos infectados.
“No ano todo de 2016, tivemos 4,5 mil atendimentos de caxumba. É um crescimento que vem desde 2015. Se continuarmos nesse ritmo, vamos atingir esse número novamente. O que percebemos é que os casos estão fora de época. Normalmente, surgem no final do inverno e início da primavera, quando ‘florescem’ essas infecções”, comenta a médica.
Marion acredita que a antecipação de casos de caxumba para o outono possa ser resultado de uma maior exposição de pessoas que foram infectadas pelo vírus. A doença, salienta a infectologista, demanda isolamento e repouso para tratamento, já que não conta com medicamento antiviral específico. “Como a caxumba não derruba a pessoa nos primeiros dias, como a gripe, pode ser que o paciente não esteja se isolando como deveria. A pessoa está doente e vai trabalhar, pega ônibus, balada e a transmissão acontece”, assinala.
O vírus da doença pode ser transmitido por gotículas de saliva e secreção respiratória.
Gargalo na vacinação
Ainda de acordo com Marion, engana-se quem pensa que a vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola, tem 100% de eficácia. “A população vacinada pode ter caxumba. Mesmo tomando duas doses, uma com um ano de idade e outra até os 29 anos, a proteção é baixa. Só 83%. Quando a pessoa só tomou uma dose, no esquema antigo, a proteção é menor ainda”, diz a médica, ao explicar que isso ocorre porque os componentes contra rubéola e sarampo presentes na tríplice viral são mais fortes que os contra a caxumba. “A caxumba acaba sendo o patinho feio nessa vacina”, brinca.
Os sintomas iniciais da caxumba costumam ser febre, mal-estar e aumento de volume na região das glândulas parótidas, no pescoço. A partir do quinto dia da doença, podem surgir complicações como inflamações do pâncreas e em outras glândulas do corpo, como no ovário ou testículos. A doença também pode evoluir para meningite.
A infectologista do Centro de Epidemiologia da prefeitura de Curitiba reforça que os adultos precisam atualizar a carteira de vacinação para evitar, inclusive, contrair outras doenças infectocontagiosas, como sarampo. “Na Europa, estão ocorrendo vários surtos por causa de uma lacuna na vacinação contra o sarampo. Será que as pessoas daqui e que não estão protegidas contra a caxumba estão imunes ao sarampo?”, questiona.
A médica também recomenda que, ao apresentar os sintomas da caxumba, o paciente procure imediatamente um serviço de saúde público ou particular.
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