A Vigilância Epidemiológica de Curitiba está em alerta para o surto de conjuntivite viral que se alastra pelo Litoral do Paraná, principalmente em Paranaguá. Apesar de a capital não registrar indícios de uma onda da doença, equipes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estão atentos aos casos atendidos na cidade – todos, por enquanto, dentro de um quadro de normalidade. De acordo com a secretaria, sem aumento de casos, notificações sobre laudos positivos para a doença não são obrigatórios.
Diferente de Curitiba, as notificações já estão sendo feitas desde mês passado em Paranaguá, no Litoral, onde 13.450 casos do problema foram contabilizados somente em março. Na mesma região, o número de casos aumentou também em Morretes, Antonina e Guaratuba. Cidades do interior do Paraná também já registram surto de conjuntivite viral. São elas Londrina, Maringá e Cianorte.
Em Paranaguá, a média diária de atendimentos a pessoas que se queixam dos sintomas característicos da inflamação chega a 300. No mês passado, a média era de 200. Mas, segundo a Secretaria de Saúde do município, o cálculo recente leva em conta pacientes que voltam para retorno de consultas e, por isso, não indica necessariamente uma disseminação ainda mais expressiva da doença. Mesmo assim, a prefeitura afirmou que mantém ampliada a rede de médicos na Unidade de Pronto Atendimento e nas quatro unidades e saúde da cidade que prestam serviço até mais tarde no município (Vila Garcia, Alexandra, Serraria do Rocha e Ilha dos Valadares).
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Contágio em Paranaguá
Contudo, a administração municipal de Paranaguá vem sendo questionada nos últimos dias pelo fato de não ter esquematizado pontos separados para atendimento de quem está com conjuntivite. Por ser uma inflamação provocada, sobretudo, por vírus, ela é altamente contagiosa, embora não apresente risco à vida do paciente.
“A pessoa, até ela chegar na triagem e apresentar seus sintomas, realmente não é mantida separada”, confirmou o médico Jose Antônio Ferreira Martins, parte da equipe de apoio técnico da Secretaria de Saúde de Paranaguá. Conforme o profissional, em horários de menor movimentação, quem menciona os sintomas do problema recebe atendimento preferencial justamente por causa da grande possibilidade de disseminação do vírus, mas em horários de pico, a agilidade fica praticamente inviável. “Claro que todo o cuidado nas unidades estão sendo tomados. Quando é possível, esses pacientes são atendidos em separado, mas é preciso ressaltar que a conjuntivite é uma doença que esta se transmitindo principalmente dentro das casas”, justifica o médico.
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De acordo com o Ministério da Saúde, a forma mais eficiente para evitar a transmissão do vírus é o cuidado da própria pessoa contaminada. Dessa forma, quem está doente deve procurar lavar as mãos com frequência, trocar as fronhas dos travesseiros e toalhas todos os dias durante a crise, usar toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos e não compartilhar produtos de beleza, como delineador e rímel.
Já quem quer se proteger da doença deve evitar coçar os olhos e também fugir de piscinas e academias e outras aglomerações, além de manter as mãos e o rosto sempre lavados. “Mesmo as unidades de saúde [de Paranaguá] não tendo essa divisão até a triagem, lembro que lá não é o lugar que acontecesse essa transmissão. Pegar a doença lá tem a mesma chance em qualquer outro lugar que ela está frequentando”, acrescenta Martins.
Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) se limitou a dizer que enviou ainda em março uma notificação obrigatória a todas as regionais de saúde do Paraná e que presta apoio às equipes de saúde no sentido de orientar sobre a doença.
Sintomas
Os sintomas mais frequentes da conjuntivite são coceira, olhos vermelhos e lacrimejantes, com sensação de areia ou ciscos, secreção amarelada (bacteriana) ou esbranquiçada (viral), pálpebras inchadas e grudadas ao acordar e também visão borrada. A doença pode acometer um ou ambos os olhos e dura de uma semana a 15 dias.