Desde que um piano foi instalado na Rua da Cidadania Matriz em comemoração ao aniversário do local, visitantes e funcionários têm se impressionado com o grande número de talentos que dominam o instrumento. Um deles, inclusive, chamou ainda mais a atenção ao afirmar que trabalha como catador de papel para auxiliar na renda mensal: o aposentado Jovelino Dias, de 78 anos.
Veja o vídeo do aposentado tocando piano
O idoso contou à reportagem da Gazeta do Povo nesta sexta-feira (11) que os momentos de reconhecimento começaram na segunda-feira (7), por volta das 8h, quando ele caminhava pela Rua da Cidadania e avistou o piano de cauda instalado no espaço entre as lojas. O instrumento ainda estava coberto, mas ao seu lado havia um cartaz informando que qualquer pessoa poderia tocá-lo. “Não pensei duas vezes, tirei aquele pano, sentei e comecei”, contou o idoso, que tem realizado recitais ali diariamente.
Leia também: Hospital de Curitiba recebe doação do DJ Alok
Segundo Juba Machado, coordenador de eventos no local e responsável pela instalação do piano, o visitante foi o primeiro a tocar, pois a programação estava prevista para iniciar apenas às 9h. “Podemos dizer que nossa ação começou muito bem. O Jovelino toca de ouvido satisfatoriamente”, disse. “Chega até a dar arrepio quando a gente ouve ele tocar”, completou a microempreendedora Silvana Souza, que trabalha com vendas de pelúcias em um dos stands do local.
O talento, de acordo com o pianista, é fruto de muito esforço, já que seus pais não eram capazes de pagar pelas aulas de piano. “Nossa família era muito pobre e até faltava alimento para os sete filhos”, comentou. No entanto, mesmo com as dificuldades, o gosto pela música já estava na família e seu pai lhe ensinou algumas notas no violão. “Aprendi um pouco com ele aos 10 anos de idade, e depois comecei a olhar outras pessoas que também tocavam violão. Fui aprendendo assim, sozinho”, explicou.
Aulas de piano
Mas a oportunidade de se aventurar pelas teclas só chegou por volta de seus 20 anos, em uma igreja na cidade de Maringá, no Noroeste do estado. “Estavam oferecendo aulas de piano de graça. Aproveitei durante um mês, porque precisei me mudar para São Paulo”. Lá, o rapaz – que nunca frequentou uma escola – conseguiu trabalho como pedreiro e economizava o que podia para pagar o curso do instrumento que admirava. “Foram muitos anos assim, fazendo uma aula aqui e outra ali, do jeito que dava”.
Assista também: Até mãe de Bope se preocupa: PM faz vídeo divertido para homenagear Dia das Mães
De acordo com ele, essa rotina seguiu até meados de 1990, quando decidiu parar com os estudos de música. A partir de então, o contato com o piano é apenas em locais públicos, como a Rua da Cidadania e alguns shoppings de Curitiba que colocam o instrumento à disposição do público em alguns momentos. “Eu não tenho um piano, então toco quando dá, e sinto falta”, comentou o apaixonado por música, que mora atualmente sozinho em um quarto alugado por R$ 240 mensais na região do Jardim Botânico.
Para pagar o aluguel e comprar o necessário para o dia a dia, ele reúne o valor da aposentadoria a alguns “bicos”, como ele mesmo intitula seu trabalho. “Eu pego sucata pra vender, faço algum serviço como pedreiro se aparecer e até toco violão na Rua XV para conseguir umas moedas. No final, tudo ajuda”.
Joselino é divorciado e tem dois filhos, uma moça de 27 anos que vive em Ribeirão do Pinhal, no Norte do Paraná, e um rapaz de 28, morador de Curitiba. Ele afirma que tem contato com os familiares e que, mesmo com as dificuldades, se considera uma pessoa feliz. “Afinal, graças a Deus, nada me falta”, afirma.
Esquerda tenta reconexão com trabalhador ao propor fim da escala 6×1
Jornada 6×1: o debate sobre o tema na política e nas redes sociais
PT apresenta novo “PL da Censura” para regular redes após crescimento da direita nas urnas
Janjapalooza terá apoio de estatais e “cachês simbólicos” devem somar R$ 900 mil
Deixe sua opinião