O número de cavalos abandonados ao longo do mês de julho acendeu o sinal de alerta da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC). Somente nas últimas três semanas, foram três animais recuperados pelo grupo — e todos eles em situações bastante preocupantes.
Após o resgate da mula Curupira, no começo de julho, a SPAC realizou mais dois nesta semana. Primeiro foi o cavalo Negão, na noite do último sábado (22), abandonado em um terreno baldio em Almirante Tamandaré. O outro foi da potra Xuxa, retirada de uma vala na última terça-feira (25), em São José dos Pinhais.
Como denunciar
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, anão fornecer alimento e água com regularidade para o animal ou deixar de oferecer tratamento veterinário também são considerados maus-tratos e podem incorrer em detenção de três meses a um ano, além de multa. Caso haja a morte do animal, a pena pode ser aumentada.
Em Curitiba, as denúncias podem ser feitas à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente pelo telefone (41) 3356-7047.
Segundo a presidente, Soraya Simon, há períodos em que os casos com os animais grandes se acumulam. “Parece que quando vem um, estoura um atrás do outro. Às vezes está tudo calmo, mas tem épocas que tem dois ou três resgates assim por semana”, revelou.
No caso dos animais mais recentes, a situação de ambos provocou a intervenção da SPAC. Xuxa foi retirada de uma valeta e encaminhada ao hospital veterinário. Mesmo com os ferimentos na face, nos olhos, e nas patas, está recebendo tratamento e sua recuperação deve ser plena, segundo Soraya. “Apesar da aparência, os ferimentos não são tão graves. Ela está muito magra, mas a saúde não está tão comprometida”, contou. O responsável pelo animal não foi localizado.
Já Negão tem uma condição mais delicada. Além de ter idade avançada, o cavalo tem ferimentos graves no lombo, nas patas e no pescoço, e tem dificuldades para se manter em pé. Segundo a presidente da SPAC, o animal precisou de grande quantidade de medicamento desde que chegou ao hospital veterinário Equivet, em Piraquara, e a condição de anemia que apresenta é preocupante. “Caiu a pele das feridas, ficou em carne viva. Ele tem uma anemia muito grande. Desde o dia que chegou, ele comeu muito, com gosto. Ele foi muito judiado, está daquele jeito porque não cuidaram da forma correta”.
A pessoa que se apresentou como responsável momentaneamente pelo animal afirmou à SPAC que os cuidados eram feitos, mas Soraya rebate a versão. “É fácil colocar em um terreno baldio, deixar lá comendo o que tiver e com um balde de água. Isso é cuidado? Um bicho desse bebe 20 litros de água por dia, pelo menos”, afirmou.
A SPAC espera os laudos do hospital veterinário para fazer o Boletim de Ocorrência (BO) dos dois casos na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente.
Curupira
A mula resgatada no começo de julho acabou sacrificada, segundo Soraya. Apesar dos cuidados com o animal, a infecção que se instalou na ferida da pata direita traseira do animal causou uma perda óssea severa, o que comprometeu sua mobilidade. “A infecção se propagou para o osso, e ele teve que passar pela eutanásia. Ele estava mais deitado que em pé. Quando o animal está em sofrimento extremo, em uma situação que não tem reversão, a gente apoia a eutanásia”, revelou.
A presidente da sociedade protetora explica a condição do animal e o que levou a decisão pelo sacrifício. “Quando é um animal de grande porte que não consegue se levantar, começa a paralisar tudo no corpo. A dor é severa e a alteração que ele tem nos órgãos causa muito sofrimento. O certo é fazer a eutanásia”, afirmou.