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Sem nota fiscal, carregador, caixa e muito menos garantia. É desta maneira que muitos aparelhos celulares sem procedência são vendidos diariamente pelas ruas do Centro de Curitiba. Quem movimenta o mercado negro da telefonia na capital são homens que passam o dia em praças e vias de grande circulação de pessoas, oferecendo seus produtos.

Saiba como bloquear seu celular em caso de roubo

Dos bolsos e mochilas, saem aparelhos de diversas marcas e modelos, oferecidos para quem passa a preços convidativos, impossíveis de serem superados por qualquer promoção feita pelas lojas tradicionais. A maioria vem sem acessórios básicos, como o próprio carregador, mas os vendedores garantem que funciona normalmente.

E eles nem fazem questão de esconder que se trata de um produto roubado. “Aqui é picaretagem, você não é bobo. Se não, não vinha aqui”, diz um dos homens que tentava vender um celular a R$ 80. De certo modo, ele está certo. O mercado negro só existe porque há clientela para isso.

“É um comércio intenso, que só existe porque tem gente que compra. Isso acontece também porque os celulares Android são muito fáceis de serem desbloqueados, tem até vídeo no YouTube que ensina como fazer isto”, conta um comerciante da Região da Rui Barbosa que não quis ser identificado, mas que diz ver frequentemente a ação desses vendedores.

Esse desbloqueio, inclusive, é feito pelas próprias lojas. Embora muitos comerciantes se neguem a pegar aparelhos sem nota fiscal, há aquelas que indicam quem podem burlar o IMEI — sistema usado pelas operadoras que inutilizaria o celular em caso de roubo.

Preços convidativos

O que atrai as pessoas para o mercado negro é, sem dúvidas, o preço. Em um ponto do Centro próximo às praças Rui Barbosa e Carlos Gomes, vendedores ofereciam smartphones que, nas lojas, custam cerca de R$ 700 por apenas R$ 380 — valor que, com um pouco de pechincha, cai para R$ 280. “Com este preço, você não compra em nenhuma loja”, garante.

Segundo polícia, comércio só existe porque há quem compra Tribuna do Paraná

A alguns metros de distância, outro homem exibia celulares de diferentes marcas a um preço médio de R$ 300. Perguntado sobre um modelo específico, ele diz que não tem, mas pode conseguir. “Mais novos ou mais caros como esse eu não tenho, mas dá para encomendar”.

O comércio de produtos furtados é tão naturalizado que há até mesmo recomendações de qual o melhor horário para achar os melhores modelos. Outros dão dicas de negociação. “Nunca fale o preço que você quer pegar. E você tem que pegar um bagulho que não te dê problema mais tarde, ou corre o risco de pegar aparelho com problema”, diz.

Segundo o delegado Matheus Laiola, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), não há números sobre os furtos e roubos de celulares em Curitiba. Mas ele comenta que hoje os roubos de celulares têm basicamente duas finalidades: ou viram moeda de troca para produtos como drogas ou são desmontados para venda de peças.

De acordo com o Laiola, quem fomenta este comércio ilegal, abastecido pela criminalidade, são as pessoas que compram os celulares sem buscar saber a procedência dos aparelhos. “Só existe esse tipo de crime, sendo furto ou roubo, porque tem uma demanda específica para a compra destes aparelhos”.

Bloqueio

Dados do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (SindiTeleBrasil) mostram que atualmente, em todo o País, há 8,3 milhões de aparelhos bloqueados por perda, roubo furto e extravio.

Sobre a fragilidade do sistema e os meios de desbloquear o IMEI, o SindiTeleBrasil esclarece que “com o objetivo de evitar o uso indevido de aparelhos celulares perdidos, roubados, furtados ou extraviados, as prestadoras criaram, em 2000, um Cadastro de Estações Móveis Impedidas (CEMI), no qual esses aparelhos são registrados e bloqueados a pedido do cliente”. E, no início do ano, as prestadoras incluíram novas funcionalidades no sistema, permitindo a solicitação do bloqueio mesmo que o cliente não saiba o número do IMEI.

Conforme o sindicato, outra mudança integrou o sistema com órgãos de segurança pública (Polícia Federal e Polícias Civis Estaduais), o que permitirá o bloqueio do aparelho também a pedido da autoridade policial quando o usuário, vítima de um furto ou roubo, realizar o registro da ocorrência.

Segundo os representantes das operadoras, o combate ao mercado irregular de celulares deve passar por reforço na segurança dos aparelhos, para evitar que sejam adulterados ou tenham o seu IMEI modificado ou clonado.

Para fazer o bloqueio de um aparelho roubado, basta ligar para a companhia telefônica e informar alguns dados de segurança em conjunto com o IMEI do dispositivo, obtido quando você digita *#06# no celular. No caso de compra, você pode saber se o smartphone já foi extraviado pelo site Consulta Aparelho Impedido.

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