Comerciantes do calçadão da Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba, reclamam do cheiro de urina e fezes todas as manhãs no local. Segundo eles, antes de abrirem os estabelecimentos, vários funcionários precisam esfregar o chão da fachada das lojas com fortes produtos de limpeza para tentar amenizar o cheiro.
O problema não é novo. Ao assumir a prefeitura no início de 2017, o próprio Rafael Greca alegou que o calçadão fedia . “Vamos voltar a lavar periodicamente a XV. Tem merda humana no calçadão, incrustada. Isso dá doença. Está sujo e temos que limpar”, declarou o prefeito em janeiro de 2017.
A irritação do prefeito com a situação era tanta que a lavagem do calçadão foi a principal ação do início de sua gestão. Ao ponto de o próprio Greca participar da primeira lavagem, em fevereiro do ano passado. No entanto, depois disso, os comerciantes têm reclamado que a limpeza não tem mais sido feita prefeitura com a mesma intensidade, capaz de evitar os odores.
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“Uma equipe da prefeitura tem passado aqui durante as manhãs, mas apenas joga água na calçada, o que não limpa bem os ladrilhos e, muito menos, tira o forte odor”, pontuou Zilmar Peres, gerente administrativo de uma empresa do setor de alimentos.
Segundo Zilmar, inúmeros moradores de rua dormem na marquise em frente ao estabelecimento e deixam muita sujeira no local. “O cheiro é horrível e não dá para receber os clientes desse jeito, principalmente porque trabalhamos com alimentos”, pontua o gerente, que precisa designar diariamente funcionários para esfregar a calçada com produtos de limpeza.
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O mesmo processo é realizado todas as manhãs pela vendedora Madalena Casagrande, de 59 anos. Colaboradora em uma das bancas espalhadas pelo calçadão, ela afirma que precisa retirar até fezes do lado do comércio. “A situação é tão ruim que nós gastamos quase um litro de água sanitária por dia para conseguir limpar, além de outros produtos. Isso gera um custo muito alto”, reclama.
Limpeza
De acordo com Edelcio dos Reis, superintendente de Controle Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), a limpeza intensa com produtos químicos é realizada na Rua XV uma vez por mês, durante a noite. “Esse trabalho começou em março do ano passado e o objetivo é lavar toda a extensão do calçadão desde a Associação Comercial do Paraná (ACP) até a Praça Osório usando sabão neutro e escova. Cerca de 30 colaboradores, entre varredores e a equipe da coleta, participam”, explica.
Já nos demais dias, ele informa que a limpeza é apenas com água. “Um caminhão pipa utiliza um forte jato para remover os resíduos do trecho entre a Rua Barão do Rio Branco e a Marechal Deodoro, onde várias pessoas em situação de rua dormem nas marquises”, explica.
Para o gerente de uma loja de calçados que preferiu não se identificar, esse trabalho diário é importante, mas não tem sido efetivo. “Deveriam usar algum produto de limpeza, porque só jogam água e a gente tem que jogar de novo depois para esfregar com um produto químico para tirar o cheiro”, afirma.
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O superintendente de Controle Ambiental da SMMA diz que técnicos avaliarão a solicitação do comerciante nos próximos dias. “Vamos analisar a necessidade do uso de produtos de limpeza diariamente e, dependendo do resultado da avaliação, poderemos adotar algum procedimento diferente”, pontua.
Falta de civilidade
Ainda que a prefeitura reforce o trabalho de limpeza, a ACP afirma que o problema continuará. “Podem limpar hoje, mas manhã vai estar sujo novamente porque é uma questão de educação em que as pessoas precisam se conscientizar de que a calçada não é banheiro”, defende Glaucio Geara, presidente da ACP.
A Fundação de Ação Social (FAS) informa que “tem conhecimento da situação e do descontentamento dos comerciantes do calçadão da XV devido aos dejetos e, consequentemente, odores deixados no local por pessoas em situação de rua que transitam na região”. Por isso, tem intensificado as ações ali.
Nos últimos 30 dias, a FAS informa que 22 solicitações referentes a pessoas em situação de rua no calçadão da Rua XV foram abertas por meio da Central 156. Todos os indivíduos citados foram abordados pela equipe, mas a FAS não pode obrigar nenhum deles a sair das ruas e seguir para um abrigo da cidade.
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