Sete trechos que compõem a malha cicloviária de Curitiba receberão cerca de mil postes de iluminação rebaixados até o fim deste ano. A medida, anunciada pela prefeitura na semana passada, é prenúncio de mais segurança para os ciclistas – que há muito vêm questionando a precariedade da iluminação pública nesses espaços –, mas ainda não é motivo para comemoração. Quem usa bike pela cidade concorda com a iniciativa, mas ressalta que ela por si só não é suficiente para melhorar o dia a dia de quem usa a ciclovia.
De acordo com a prefeitura, a implantação dos novos postes se estenderá por trajetos que, juntos, somam 18,5 quilômetros a um custo de R$ 2,3 milhões. Serão beneficiadas as ciclovias da Linha Verde Sul, do trecho entre o Parque São Lourenço e o Passeio Público e das ruas Aluízio Finzeto, João Negrão, Conselheiro Laurindo, Alexandre Gutierrez e Alferes Poli. Os equipamentos, informou a Secretaria Municipal de Obras Públicas, serão com luminárias de LED, capazes de garantir iluminação mais eficiente por um consumo mais baixo.
“A iluminação é importante porque ajuda a aumentar a percepção de segurança. Se tem essa percepção, aumenta o número de pessoas que utilizam a ciclovia e, consequentemente, quanto mais pessoas usando a ciclovia mais segurança elas têm”, analisa Henrique Jakobi Moreira, de 27 anos, integrante da Associação de Ciclistas Alto Iguaçu, em Curitiba.
O coordenador do Programa Ciclovida da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Carlos Belotto, também avalia que o investimento em iluminação deverá trazer mais liberdade para quem usa as ciclovias da cidade. “Um dos problemas que os ciclistas sempre relatam é a falta de segurança. A iluminação pode contribuir para diminuir um pouco isso”, observa.
De acordo com Belotto, relatos de usuários de bicicleta assaltados em trechos mais afastados de ciclovias, principalmente à noite, não são raros e isso é o que leva ciclistas mais experientes a evitar determinados trechos da cidade, como o entorno do Parque do Bacacheri e nas redondezas da Havan da Linha Verde, no Prado Velho.
É justamente um trecho da ciclovia que corta o Prado Velho que o estudante Leonardo Augusto Rosa, de 24 anos, aponta como perigoso. A rota, na Rua Cyro Vellozo, está entre as que serão beneficiadas com os novos postes de iluminação, o que será bem- vindo por ali. “Aqui é um espaço para andar de bicicleta e fazer caminhada. Mas não vejo ninguém fazendo isso aqui à noite. É escuro e não tem segurança. Quem é que vai correr o risco?”, argumenta.
Iluminação não é tudo
Assim como quem costuma usar as ciclovias da cidade, Rosa vê com ressalvas a iniciativa da prefeitura de implantar os novos postes de iluminação. “Iluminação só não adianta. O pavimento aqui é ruim e não tem nem condições de usa essa ciclovia”, afirma. E é fato. O estudante foi “flagrado” andando de bicicleta na rua que segue paralela ao espaço destinado aos ciclistas na Rua Cyro Vellozo. Com o pneu da bicicleta estragado, Rosa justificou que não tinha condições de passar pela ciclovia naquele trecho para não comprometer o outro pneu – uma vez que a pavimentação ali está comprometida e o acesso rebaixado aos cruzamentos não existe. “Eu não me arrisco a andar de bicicleta nessa ciclovia. O pneu está estragado assim, provavelmente, de tanto eu andar nela. Agora, prefiro andar pelo asfalto do lado que está bem melhor”.
O estudante Rubens Houser Novicki, de 27 anos, também deixou de lado a ciclovia para usar o asfalto da rua ao lado. “Para falar a verdade, nem considero isso uma ciclovia”, comentou.
O coordenador do Programa Ciclovida reforça a ideia de que ainda há muito a se fazer nas ciclovias da cidade, e que só a iluminação não é suficiente para atender às demandas dos ciclistas. “É bom esse investimento. Mas é importante que ele não pare por aí. A gente precisa continuar ampliando a malha cicloviária de Curitiba, melhorando o pavimento em vários pontos”.
Lotes
O primeiro lote das obras vai abranger oito quilômetros de ciclovias na Linha Verde entre o viaduto da Avenida Marechal Floriano e o terminal de ônibus do Pinheirinho. Neste trecho serão implantados 24 mil metros de cabos elétricos e cerca de 400 luminárias baixas com lâmpadas LED de 60 watts de potência. O investimento nessa etapa será R$ 882 mil.
Já o segundo lote, de R$ 1,47 milhão, abrange 10,5 quilômetros da ciclovia Belém Norte, entre o Parque São Lourenço e o Passeio Público, e as ruas Aluízio Finzeto, João Negrão, Conselheiro Laurindo, Cyro Vellozo e na Alexandre Gutierrez, entre a Praça do Japão e a Avenida Getúlio Vargas. Serão colocados 30 mil metros de cabos elétricos e 600 luminárias com lâmpadas LED de 60 watts.
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