Nem o registro oficial na certidão de nascimento indicando que o local do parto era em território paranaense impedia Cleverson Leite Bastos de se sentir catarinense de corpo e alma. Filho de Romulo e Julia Leite Bastos e irmão de Lislaine e Lorene, nasceu em Rio Negro, em 7 de fevereiro de 1956, e cresceu entre a cidade do sul do estado e Mafra, no estado vizinho. Cleverson faleceu no último dia 10 de junho.
Em 1967, os estudos o trouxeram a Curitiba, onde foi aluno no Colégio John Kennedy, Colégio Pe. João Bagozzi, Colégio Duque de Caxias e Instituto Salesiano – Colégio São Cristovão. Mais tarde, na escola Técnica Federal do Paraná, estudou mecânica industrial.
Inscreveu-se para o vestibular do curso de Biologia na Universidade Federal do Paraná, mas optou por cursar Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Já no ano seguinte à graduação, iniciou a carreira como docente no Convento São Francisco – hoje Mosteiro da Ressurreição, em Ponta Grossa.
Cleverson costumava dizer que teve dois professores como “mentores”. O primeiro, da época da graduação, foi João Zelesny, professor de metafísica, de orientação aristotélico-tomista, o que caracterizou os primeiros anos de Cleverson como professor. O segundo, da sua época de formação na PUC de São Paulo, foi o professor Lafayette de Moraes, com quem estudou lógica modal. Um terceiro mentor pode ser adicionado à lista. Trata-se de João Teixeira, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), responsável por uma “virada biológica” em seus estudos.
Tornou-se mestre em Lógica e doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, com pós-doutoramento em Filosofia pela UFSCar. Autor de mais de uma dezena de livros – que somados alcançam tiragem de mais de 100 mil volumes –, abordou temas de filosofia sistemática, lógica, epistemologia, filosofia da linguagem e metodologia científica.
Foi professor da PUCPR por quase 30 anos, somados dois períodos. Lecionou Metafísica, Lógica e Filosofia da Linguagem, entre outras disciplinas na graduação e também atuou na pós-graduação “lato” e “stricto” sensu , em que orientou dissertações de mestrado e teses de doutorado. Foi chefe do Departamento de Filosofia da PUCPR nos anos de 1991 a 1994.
Teve passagem por outras instituições da capital, como a Faculdade Vicentina de Filosofia (por mais de 25 anos), a FAE e, desde 2007, a Fesp. Costumava conquistar seus alunos, tendo recebido inúmeras homenagens como paraninfo ou patrono de suas turmas. “Sua formação, mas também o seu carisma pessoal e o caráter passional faziam suas aulas ganharem a forma da disputa, na qual envolvia os alunos que no geral se apaixonavam por ele, ou o detestavam (a maioria quase absoluta se apaixonava)”, conta o amigo e colega professor Edmilson Paschoal.
Casou-se duas vezes. Com Sônia teve dois filhos, Rafael e Gabriel. Da união com Celina, nasceu Vitor.
Era um exímio nadador, conquistando campeonatos na modalidade medley. Também se dedicava a outras paixões, como oceanografia e canoagem. Por causa da canoagem, explorou diversos rios do Paraná e Santa Catarina com seus amigos, a maioria professores. Também praticou escalada em rocha, pesca submarina e atividades marciais como o caratê e o boxe.
“O Cleverson deixa como legado o modo apaixonado como lidou com a Filosofia, com destaque para a irreverência e a disposição para o debate – foi um filósofo no sentido mais amplo do termo, conjugando o conhecimento clássico da filosofia com o diálogo da filosofia com as ciências de hoje, com destaque para a linguagem, a cosmologia e a biologia”, define Edmilson Paschoal.
(Com informações do site da Fesp)
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