Leitor de cartão transporte público de Curitiba.| Foto: Cassiano do Rosário / Gazeta do Povo / Arquivo

A função de cobrador do transporte coletivo não será extinta em Curitiba, mas o número de trabalhadores será reduzido até 2023. Isso é o que prevê o acordo fechado no Ministério Público do Trabalho (MPT) entre representantes dos sindicatos dos motoristas e cobradores (Sindimoc), das empresas de ônibus (Setransp) e da Urbs, empresa que gerencia o transporte na capital, para a implantação gradativa da bilhetagem eletrônica no sistema de ônibus da capital.

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Apesar do acordo, um projeto sobre o tema ainda será votado pelos vereadores na Câmara Municipal. Um substitutivo ao projeto original – que previa o fim dessa função com a bilhetagem exclusivamente eletrônica – deve ser discutido e votado pelos parlamentares. Ainda não há data definida para isso ocorrer.

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Com o acordo firmado, ficou definido que os trabalhadores passarão por cursos de requalificação e eles serão oferecidos pelas empresas de ônibus. Aos poucos, o número de cobradores será reduzido, mas alguns empregos ainda seguirão existindo em Curitiba. A ata da reunião no MPT diz que, após maio de 2023, “continuará a quantidade necessária de cobradores para operação do sistema de transporte coletivo de Curitiba, conforme programação operacional que vier a ser determinado pelo Poder Concedente”.

“A função de cobrador não vai acabar. O sistema não suporta. É preciso ter cobrador nas estações-tubo, em ônibus articulados, como os Interbairros. Os motoristas não têm como cuidar das portas, dos passageiros e ainda do trânsito”, opinou o vereador do PSC e vice-presidente do Sindimoc, Rogério Campos.

Atualmente cerca de 3,5 mil cobradores trabalham no transporte coletivo em Curitiba, segundo dados do Sindimoc. Se considerarmos toda a RMC, o número chega a 6 mil. O acordo assinado no MPT diz respeito apenas à capital. A Coordenação da Região Metropolitana (Comec) informou que a negociação referente ao transporte da RMC ainda será feita pelas 16 empresas que atuam na região.

A estimativa do Sindimoc é de que, depois de maio de 2023, restem entre 900 e 1,2 mil cobradores em Curitiba. A Urbs, porém, afirma que não é possível mensurar esse número neste momento, mas que serão mantidas as vagas necessárias para operar o sistema.

Para o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto, os pontos acertados no MPT foram importantes para Curitiba, pois garantem que haverá evolução tecnológica no sistema de transporte e ainda atendem à demanda dos trabalhadores por requalificação. “Esses profissionais terão o tempo necessário para a maturação de uma nova profissão. A Urbs deixou claro que a implantação da bilhetagem eletrônica seria gradativa. Agora isso se confirmou com o acordo firmado MPT”, afirmou.

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Maia Neto explicou que, inicialmente, os cobradores que atuam nos ônibus é que passarão pela requalificação. Para que o mesmo processo ocorra com os trabalhadores das estações-tubo, será necessário que essas estruturas passem por adaptações, que haja a ampliação dos pontos de recarga do cartão-transporte e ainda que ocorra a implantação de novas tecnologias - como a possibilidade de comprar passagens por meio do cartão de crédito usando um celular.

Em nota, o presidente do Setransp, Mauricio Gulin, ressaltou que a mediação do MPT trouxe transparência total ao acordo. Gulin também considerou razoável o prazo para a requalificação dos trabalhadores. “A modernização do sistema exigirá uma série de outras medidas, como um novo termo para a bilhetagem eletrônica e a pulverização dos pontos de venda do cartão-transporte”, destacou o presidente do sindicato que reúne as empresas de ônibus.

Redução dos cobradores

Na primeira etapa da diminuição do número de cobradores, até 13 de maio de 2020, as vagas de quem se aposentar não serão repostas. No mesmo período, cobradores que tiverem qualificação para se tornarem motoristas de ônibus poderão assumir as novas funções. Da mesma forma, esses postos de trabalho serão fechados.

Depois disso, nas três etapas seguintes - até 13 maio de 2023 - 500 cobradores a cada ano – totalizando 1,5 mil - serão encaminhados para os cursos de requalificação oferecidos pelas empresas, que serão realizados no SEST/SENAT. Essas vagas também não terão reposição. Os cobradores poderão ser aproveitados em outras funções dentro das empresas de transporte coletivo da capital e RMC ou então, após a realização de cursos em novas profissões, terão de buscar vagas no mercado de trabalho.