O colombiano Arley Rincón, 40 anos, passa por uma situação delicada em sua vida. Após a morte de uma das irmãs, o analista de sistemas tenta trazer para Curitiba, onde vive há quase nove anos, sete sobrinhos menores de idade que moram em Bucaramanga, no norte da Colômbia.
Para conseguir concluir a missão e ter um aparo neste momento difícil, colegas de trabalho de Rincón fizeram uma vaquinha virtual para tentar arrecadar cerca de R$ 30,5 mil para trazer as crianças. Somente em passagens, é preciso R$ 21 mil.
Rincón veio para Curitiba após deixar o exército colombiano. Formado em Engenharia de Software, estabilizou-se na capital paranaense, onde estudou Física na Universidade Federal do Paraná (UFPR), casou e teve um filho, hoje com 4 anos. No dia 18 de julho, o colombiano recebeu a informação de que a irmã mais velha, de 44 anos, mãe de 10 filhos, havia falecido em um acidente de trânsito.
“Recebi a informação por WhatsApp, mas só vi no dia seguinte. Minha outra irmã me ligou e me passou a notícia”, recorda o analista de sistemas. O falecimento da irmã trouxe não só a tristeza pela perda, mas também a necessidade de um plano para trazer as sete crianças que ficaram órfãs, já que o cunhado morreu há dois anos.
Os três sobrinhos mais velhos não têm têm condições de cuidar dos sete irmãos mais novos. Como a outra irmã mora em Bojacá, a quase 500 km de Bucaramanga, e também tem sete filhos, Rincón é o parente mais próximo com condição de cuidar dos órfãos.
A preocupação no momento é com o psicológico das crianças, que tem de 3 e 14 anos. “Os mais velhos, que já entendem o que está acontecendo, estão bem abalados. Isso é o que mais me aflige. Se eu aqui já estou mal, imagina eles que estão lá”, ressalta.
Rincón conversa o dia inteiro com os sobrinhos pelo WhatsApp do telefone da mais velha, que tem 21 anos e cuida dos mais novos. Apenas um dos 10 irmãos não está junto com os demais porque acabou de sair do exército. As informações que chegam são que algumas das crianças estão caladas e não querem sair de casa. “Agora é época de retorno às aulas e as crianças não querem ir para a escola de tristeza”, conta.
A primeira ajuda foi o envio de dinheiro para que os sobrinhos alugassem uma casa na região de Bucamaranga, já que muitas crianças estão traumatizadas com a situação e não conseguem voltar para onde moravam. Depois, o plano é trazer os sete mais novos para Curitiba, já que os mais velhos tem condições de ficar na Colômbia. “Acredito que aqui eles terão mais oportunidades do que na Colômbia”, enfatiza o tio.
O plano de Rincón é ir primeiramente para a Colômbia para pedir à Justiça de lá a guarda das crianças. Assim que a documentação estiver pronta, trará todos para Curitiba. Caso o processo demore, a ideia é levar todos para Bojacá, na casa da irmã de Arley e retornar para buscar os sobrinhos.
Solidariedade
Só que o procedimento é complicado, não somente pelas questões burocráticas, mas pelo lado financeiro também. A solução? Os colegas de trabalho montaram uma vaquinha para ajudar. “Notamos que ele ficou muito abatido com a notícia. Na segunda-feira, o gerente do Rincón me disse algo que me marcou muito, que a gente faz tantas campanhas para ajudar pessoas que nem conhece e quando tem uma pessoa próxima a gente não vai fazer nada?”, relata Felipe Toazza, gerente de desenvolvimento da empresa em que o colombiano trabalha.
A ação começou de maneira informal, somente no setor onde Rincon trabalha. Em menos de uma semana, uma vaquinha virtual foi organizada e disparada para gestores da empresa. “Isso acabou ganhando uma proporção muito grande. Os diretores da empresa viram que não podiam deixar um funcionário da empresa passar sozinho por uma dificuldade dessa”, destaca Toazza.
A meta da vaquinha é arrecadar R$ 30 mil. Em menos de duas semanas, já arrecadou pouco mais de R$ 14,5 mil até a tarde desta segunda-feira (5), fruto da colaboração de mais de 80 doadores. O auxílio dos colegas se tornou um alento para Rincon em meio ao drama dos últimos dias. “É a primeira vez que vejo essa colaboração em uma situação como essa, é um reflexo da cultura daqui. O apoio vem se tornando uma motivação para segurar a barra e seguir trabalhando”, revela o colombiano.
A empresa já pensa no auxílio a Rincón após a vinda dos sete sobrinhos para Curitiba. “Já estamos deixando as questões de escola e auxílio-psicológico direcionadas para quando elas chegarem já estar tudo certo”, explica Toazza.
Quem quiser colaborar para Arley Rincón trazer os sobrinhos da Colômbia, pode doar por este link.