Poucos dias após o lançamento da Operação Parque Protegido, que previa aumentar o policiamento e a segurança nos parques de Curitiba, dois arrombamentos a carros no Parque Tingui no último dia 27 mostram que o problema persiste. Pior: segundo os usuários, praticamente não há policiamento no local e os bandidos têm feito sua festa roubando celulares e abrindo carros a qualquer hora do dia.
O caso da bancária Miriam Richter, de 32 anos, é emblemático. Frequentadora habitual do Tingui ela parou de caminhar no local após quase ter o seu celular roubado. “Eu estava caminhando quando fui abordada por dois piás. Eles tentaram me roubar, mas eu corri. Uma turista do Rio de Janeiro que vinha logo atrás de mim não escapou”, conta. “Ela saiu do Rio para ser assaltada aqui em Curitiba”, completou.
Dois meses após a tentativa de assalto, assim que o susto passou, Miriam decidiu voltar a caminhar no parque. Estacionou seu carro recém comprado e, após 40 minutos, retornou para ir embora. Ao chegar, percebeu alguns fusíveis no chão e o carro aberto já sem o rádio e sem o estepe. “No dia que decidi voltar ao parque, aconteceu isso. Amanhã farei minha matrícula numa academia. Parque, nunca mais”, lamentou. O prejuízo foi de R$ 570.
Na vaga ao lado de Miriam, outro veículo alvo da violência no Tingui. A professora Lucieli Zanotto Micheletto, de 37 anos, ao parque com uma amiga e também tiveram o carro arrombado por criminosos, que levaram um celular e o estepe do automóvel. “Ficamos indignadas. É revoltante a falta de segurança na nossa cidade”, reclamou.
As vítimas receberam o primeiro atendimento de guardas municipais, que passavam em ronda pelo local. No entanto é justamente a ausência de policiamento a principal reclamação dos frequentadores do parque.
Sem guardas, ocorrências crescem
Desde que a presença física da Guarda no módulo existente no Tingui deixou de acontecer, as ocorrências aumentaram. Nas estatísticas informais colhidas de alguns usuários ouvidos pela reportagem, é praticamente impossível encontrar alguém que não tenha sido roubado ou conheça alguém que não tenha sido vítima de furtou ou roubo.
“Eu vejo de dois a três pessoas sendo roubadas toda a semana. Normalmente eles vêm de bicicleta e roubam os celulares dos mais desatentos. É direto”, comentou um frequentador diário que preferiu não se identificar por medo de reação dos bandidos. “Um amigo nosso, um dia, entrou em conflito com dois caras que tentaram roubar a mulher dele. Eles marcaram a cara dele e o seu carro já foi arrombado três vezes”, contou.
Alguns trechos do parque são os mais perigosos, mas em toda a extensão da pista as abordagens suspeitas acontecem a qualquer hora do dia. “Não dá para saber quem é bandido ou quem é usuário do parque. Eles surgem do nada”, conta Jurandir Lisboa, de 75 anos ,que também teve o carro arrombado há cerca de dois anos.
Apesar de reclamarem a falta de policiamento, os próprios frequentadores reconhecem a dificuldade em prevenir os roubos. Segundo relatos dos guardas municipais às vítimas dos arrombamentos dos veículos, o modus operandi dos bandidos é quase sempre o mesmo: eles param seus carros ao lado dos veículos das vítimas em potencial e aguardam o momento certo para sair e arrombar.
Em muitas vezes, eles utilizam um dispositivo eletrônico que impede o fechamento dos carros via controle remoto. A vítima aciona o travamento, ouve o sinal de alarme, mas a trava não aciona por sofrer interferência deste dispositivo. Assim, tranquilamente, ele abra o carro e faz o furto.
“O ladrão pode ser qualquer um que está dentro de um carro. Pode ser eu ou você. Se abordar o sujeito e revistá-lo, não vão encontrar nada. Aí mesmo que tenha policiamento, uma hora o oficial dá uma volta ou vai no banheiro. Aí o cara rouba e vai embora”, contou o aposentado que não quis se identificar por ter sido testemunha de várias ocorrências no local.
Por meio de nota, a Guarda Municipal disse que faz rondas constantemente no local, inclusive com aumento de efetivo por causa da Operação Parque Protegido.
Após receber os relatos das ocorrências e tomar conhecimento das reclamações dos frequentadores ouvidos pela reportagem, a Guarda Municipal disse que tem um planejamento constante de reorganização do efetivo e vai estudar a volta da presença fixa de guardas no módulo do Parque Tingui.
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