Um novo golpe vem usando indevidamente o nome do Hospital Pequeno Príncipe, a imagem da atriz e modelo Luana Piovani e até mesmo um bebê emprestado para pedir falsas doações e arrecadar dinheiro para uma campanha que, na verdade, não existe. A ação foi identificada pela própria instituição, que registrou toda a ação em vídeo e denunciou a suposta mãe para a polícia. De acordo com o hospital, o golpe mãe-bebê é apenas uma das cinco formas de extorsão praticadas por terceiros em nome de internados ou ex-pacientes.
Segundo a denúncia, a suspeita aborda famílias que ficam no pátio da instituição pedindo dinheiro para comer, voltar para uma cidade do interior ou mesmo para pagar um exame que o hospital teria se recusado a fazer. Acompanhada de um suposto marido e um carrinho de bebê, ela costuma usar um boneco para fazer o papel da criança — ainda que, de acordo com o Pequeno Príncipe, já tenha usado um bebê emprestado para dar mais credibilidade ao golpe.
O que mais chamou a atenção do hospital, contudo, foi o uso irregular da imagem da atriz Luana Piovani no processo. A mulher apresenta uma foto sua ao lado da celebridade para tentar convencer as pessoas. O hospital conta que a cena é verdadeira, de 2007, quando Luana visitou a entidade e tirou uma foto com a suspeita e sua filha — falecida ainda naquele ano. Uma década depois, porém, ela procurou a instituição e conseguiu uma cópia.
“Quando ela pediu a foto, nós ficamos sensibilizados. Mas a partir disso, ela plastificou um documento como se fosse do hospital. Um crachá. E, com isso, ela vai aos lugares pedir dinheiro. Diz que a filha vai morrer, que o hospital está cobrando por um procedimento. As pessoas se sensibilizam e ajudam”, conta uma funcionária do Pequeno Príncipe. A foto, segundo relatado aos investigadores, é usada para provar a existência da criança e do drama.
No último dia 2, o hospital conseguiu flagrar em vídeo a ação da mulher. Ela percebeu a movimentação atípica e logo em seguida deixou as imediações do hospital com o “pai da criança”. De acordo com a instituição, golpes desse tipo são de difícil flagrante, o que impossibilita a ação policial imediata. O hospital recomenda aos usuários do hospital que procurem a delegacia mais próxima para registrar um boletim de ocorrência caso se sintam lesados. O crime foi denunciado ao 2º Distrito Policial, no bairro Água Verde.
Sequência de golpes
De acordo com o hospital, os golpes são antigos, recorrentes e atingem milhares de pessoas, uma vez que 2,5 mil pessoas circulam pelo Pequeno Príncipe diariamente – além das 100 internações e 100 altas diárias, em média.
Ao menos quatro outras falsificações já foram identificadas. Duas delas envolvem as redes sociais, que ajudam a amplificar a ação desmedida.
Supostos pais usam fotos de filhos que já estiveram internados no Pequeno Príncipe, afirmam que precisam de ajuda e doação e fazem correntes com essas histórias. Os lençóis do hospital no fundo das imagens ajudam a provar o tratamento, muitas vezes de alguém que não está mais internado.
Outro golpe é a falsa utilização de campanhas reais, como a realizada na semana passada em Curitiba. Golpistas pegam informações verídicas de matérias veiculadas em portais de notícias e começam a ligar para a casa das pessoas. “São histórias conhecidas. As pessoas conferem e as informações realmente se fecham. Aí os golpistas afirmam que precisam comprar leite especial, algo do tipo, e que as pessoas podem deixar dinheiro na caixa de correio que o motoboy irá pegar. As pessoas realmente deixam dinheiro e eles pegam”, conta uma funcionária.
Segundo o hospital, moradores de Curitiba e região metropolitana chegam a ligar para perguntar quando será a próxima visita do motoboy e descobrem que foram vítimas de um golpe. O Hospital Pequeno Príncipe esclarece que não faz nenhum tipo de coleta com serviço de motoboy, apesar de ser uma instituição filantrópica mantida por doações.
Os golpes ainda envolvem supostas mães e filhas, de acordo com José Álvaro da Silva Carneiro, diretor do hospital. “Pessoas circulam pela região com essa história. Algumas chegam a entrar nos pátios e na pracinha. São duas mulheres, uma mais jovem e uma mais velha, ‘mãe e avó’. Trazem crianças ou uma foto. Como elas sabem que criança doente desperta compaixão, abordam outros familiares, vendem uma história e pedem dinheiro”, afirma. “Já sabem até os nomes de médicos aqui do hospital”.
De acordo com o diretor, o Pequeno Príncipe também chegou a ser alvo do golpe perpetrado dentro das unidades prisionais. Usando telefones celulares, presos fingiam ser médicos e se aproveitavam do desespero e da fragilidade das famílias. No final de 2016, a Polícia Civil chegou a prender uma quadrilha que aplicava esse golpe em sete estados.
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