Aproximadamente cem pessoas - entre integrantes de movimentos contra corrupção de Curitiba e moradores do bairro Santa Cândida – participaram de um ato, na noite desta segunda-feira (14), pedindo o fim da vigília feita por apoiadores do ex-presidente Lula na região da Superintendência da Polícia Federal. O petista está preso no local desde 7 de abril. Gritos de “Desocupa Santa Cândida”, buzinaço e foguetes marcaram o ato.
Os moradores reclamaram da reunião de petistas nos arredores da PF. Apesar de as barracas para pernoitar terem sido retiradas do local e transferidas para um terreno particular, o acordo feito permite a continuidade da vigília pró-Lula no local até as 21 horas. O som é permitido até as 19h30.
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“O objetivo é chamar a atenção da população para que todos se solidarizem com o que está acontecendo no bairro. Enquanto nós estamos fazendo um protesto, o que eles estão fazendo é uma invasão, que impede o direito de ir e vir”, afirmou a advogada Paula Milani, integrante do movimento Acampamento Lava Jato. Paula se deslocou do Champagnat até o Santa Cândida para apoiar a saída dos manifestantes pró-Lula da região.
Uma das moradores que apoiavam o ato era Adriane Nadolny, promotora eventos, que considera que a manifestação pode unir os vizinhos. “Já não é a primeira vez que esse grupo [contra a corrupção] faz manifestações aqui, mas eles vêm rapidinho, fazem a manifestação e logo vão embora. Eu acho bacana porque incentiva a solidariedade entre os vizinhos. Se for algo pontual assim não incomoda”, destacou.
Outra residente do Santa Cândida, apesar do foguetório, considerou que a manifestação era por uma boa causa.“Incomoda um pouquinho na questão de ter bloqueio e foguetório, mas é por uma boa causa, porque o grupo de lá [pró-Lula] é que esta incomodando de verdade. A gente não pode sair de casa direito, tem que ficar dando voltas”, relatou Teresa dos Santos Martins, auxiliar de serviços gerais.
Entre os moradores da região que protestavam pela saída dos petistas encontrava-se também Gastão Schefer, delegado da Polícia Federal que se envolveu em confusão na região no início de maio - ele teria se irritado com o barulho e derrubado uma caixa de som dos manifestantes. “Eu tenho uma filha recém-nascida, de 57 dias. Como eu queria que os manifestantes pró-Lula protestassem só alguns minutos por dia, como estamos fazendo hoje. A nossa rua foi tirada de nós, não temos mais direito a locomoção”, explica. Schefer ressalta, ainda, estar presente no ato como morador da região, e não como membro da Polícia Federal: “Minha profissão não tem a ver com esse protesto”. O delegado afirmou que irá detalhar melhor a confusão da caixa de som em uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (15).
Discussão
A manifestação contava com o apoio dos moradores do bairro, mas não era unanimidade. Uma discussão ocorreu durante o ato por causa dos foguetes e das buzinas. Michael dos Santos, auxiliar administrativo, um dos moradores da região, está com o filho de 2 anos doente e reclamou do barulho no protesto. Segundo ele, os manifestantes anti-PT utilizavam os mesmos meios para protestar do que militantes pró-Lula.
“Todo mundo tem direito de manifestar, mas tem horário para isso. Não adianta querer apagar fogo com fogo. Meu filho, que está doente, tem medo de foguete. Eu acho que não precisava de todo esse barulho. Mas eu conversei com o pessoal [anti-PT] e eles disseram que vai ser rapidinho.Vou colocar algodões no ouvido do meu filho para ele não se assustar” , afirmou Santos.
Depois de discursos de moradores e manifestantes, além do disparo de foguetes, o protesto teve o hino nacional tocado pelo carro de som do movimento. O ato acabou por volta das 20h30.
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