Embora tenha alterado a rotina de vários bairros da cidade, a segunda visita do ex-presidente Lula a Curitiba para prestar depoimento ao juiz federal Sergio Moro foi bem mais discreta do que em sua primeira passagem pela capital das araucárias, em maio. Mesmo com um esquema de segurança com cerca de mil policiais e tendo mobilizado outros milhares de manifestantes, a presença do petista na cidade ocorreu de maneira bastante tranquila ao longo desta quarta-feira (13) e com um impacto bem menor do que muitos esperavam.
De acordo com a própria organização dos atos pró-Lula, cerca de 7 mil pessoas se reuniram na Praça Generoso Marques para ouvir o petista discursar. O número é 1/7 do que os 50 mil que o grupo estima ter comparecido à fala do ex-presidente na Praça Santos Andrade há quatro meses. De acordo com a PM, nesta quarta-feira, o ato de apoio reuniu 2 mil pessoas.
A redução, contudo, já era esperada. Nas semanas que antecederam a chegada de Lula, o PT já avisava que a mobilização em torno do depoimento seria menor. Isso porque Lula deve seguir em viagem por outros estados brasileiros. Inicialmente, chegou-se a cogitar um tour pela região Sul, mas o partido preferiu levar a caravana para Minas Gerais.
Outro grande termômetro foi o próprio trânsito, cujo bloqueio previsto aconteceu mais tarde do que o previsto. Os desvios próximos ao prédio da Justiça Federal, no bairro Ahú, estavam programados para começar às 6h30, mas os motoristas só foram sentir as mudanças no fluxo perto do meio-dia, quando o ex-presidente seguiu em direção ao local. Nesse meio-tempo, veículos e pedestres puderam transitar pela região sem grandes complicações — o que permitiu que algumas pessoas se manifestassem a favor e contra Lula na região. Em maio, o acesso era restrito a quadras de distância.
Outra grande diferença que explicita o menor impacto dessa nova visita foi a própria atenção da imprensa nacional e internacional. No depoimento do dia 10 de maio, jornalistas de veículos do Brasil e do mundo vieram até Curitiba para acompanhar o desenrolar de um dos episódios mais marcantes da novela da Lava Jato. Na época, havia até gente a China conferindo a movimentação no Ahú. Nesta tarde, porém, a quantidade de câmeras foi bem menor e em bem menos línguas.
Não houve registro acampamentos e o número de caravanas foi bem menor, a grande maioria vindo do interior do Paraná. Além disso, ao invés do palco, a estrutura escolhida para receber a cúpula petista foi um trio-elétrico estacionado em frente ao Paço da Liberdade.
Após o final do evento, grande parte dos manifestantes deixaram a praça Generoso Marques em caminhada. Os moradores da cidade seguiram diversos destinos, enquanto aqueles que vieram em caravanas se dirigiram à Rodoferroviária, onde foram estacionados os ônibus que vieram de outras localidades. O deslocamento complicou o trânsito em alguns pontos do Centro, como na Avenida Marechal Deodoro, na Rua Alfredo Bufren e na rua Barão do Rio Branco, por onde passaram os manifestantes.
Morte e incidentes
Além de transcorrer sem maiores problemas para o trânsito e a rotina da cidade, também não foram registrados incidentes entre partidários e contrários a Lula. Os atos contra o petista se concentraram no Museu Oscar Niemeyer e atraíram poucas pessoas. No máximo, um helicóptero com um painel com mensagens de apoio à Lava Jato e pedindo a prisão de corruptos sobrevoou a Praça Generoso Marques durante o discurso do ex-presidente. Contudo, a aeronave passou despercebida pela maioria dos manifestantes e não interrompeu a fala do petista.
O único episódio que realmente fugiu do esperado foi a morte de um morador de rua em frente ao prédio da Justiça Federal. Embora o fato não tenha ligação com o depoimento de Lula, o caso assustou muita gente e mobilizou equipes da polícia para atender a ocorrência na região.
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