Cerca de 30 linhas de ônibus da região metropolitana de Curitiba passaram a circular sem cobrador no período noturno. A medida foi implantada pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) em linhas alimentadoras – que ligam terminais de integração aos bairros da cidade – e gerou indignação do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus (Sindimoc). De acordo com o órgão estadual, a mudança é uma medida para cortar gastos.
Segundo a Comec, o principal foco da novidade não é a diminuição do número de assaltos a coletivos, já que as linhas escolhidas nos municípios de Fazenda Rio Grande, Pinhais e Colombo não são alvo de bandidos. Para ela, a mudança aconteceu porque 99% dos passageiros que utilizam esses ônibus no período noturno estão voltando para casa e já pagaram a passagem no terminal. Com isso, o pagamento em dinheiro é raro e o trabalho do cobrador se tornou desnecessário nesses casos. “Foi uma redução de custos”, informou a Comec, que pretende implantar a novidade em outras linhas alimentadoras com o mesmo perfil.
Leia também: Obras alteram trânsito e linhas de ônibus em trecho da Linha Verde Sul de Curitiba
Além disso, a instituição informa que, caso um passageiro embarque no bairro e não tenha o cartão de transporte para pagar a passagem, ele entra no coletivo normalmente e é deixado na entrada do terminal para que faça o pagamento ali. De acordo com a Comec, os motoristas dessas linhas especiais estão autorizados a trabalhar dessa maneira.
Sindimoc discorda
Segundo a Comec, a mudança não vai prejudicar os trabalhadores, já que todos os cobradores das linhas alteradas foram remanejados. Mas o diretor do setor de inteligência do Sindimoc, Ari Dario Pereira, discorda. Ainda que a Comec garanta que não tem intenção de acabar com os empregos, o sindicato teme pela estabilidade de 6 mil cobradores que atuam em Curitiba e região metropolitana. “Eles estão abrindo um precedente para acabar com o trabalho do cobrador”.
Além disso, o diretor garante que a mudança não beneficia o passageiro, pois prejudica a prestação do serviço. “Eles colocam toda a responsabilidade de cobrança nas mãos do motorista, que acaba acumulando duas funções”, pontua.
E a violência?
Já para o Setransp, o fato de tirar o cobrador de algumas linhas noturnas também pode interferir de forma positiva na segurança dentro do transporte coletivo. De acordo com a instituição, 40% das passagens ainda são pagas em dinheiro e os bandidos visam os cobradores durante muitos assaltos.
“As empresas incentivam o pagamento da tarifa por meio do cartão transporte, afinal, quanto menos dinheiro em circulação, menor é o número de assaltos”, informou, em nota.
Ainda segundo o Setransp, as empresas oferecem requalificação dos profissionais retirados de seus postos de trabalho para que eles exerçam outras funções e não fiquem desempregados. Assim, “têm chance de ganhar mais e melhorar de vida”.
O Sindimoc não concorda com essa expectativa do sindicato das empresas e afirma que tirar os cobradores só aumentará o número de arrastões dentro dos ônibus, o que prejudicaria diretamente os usuários do transporte coletivo.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião