• Carregando...
 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O movimento no comércio de pescados que já estava bom por causa da operação Carne Fraca – investigação sobre a qualidade da carne produzida no país e corrupção entre empresas e fiscais – ficou ainda mais aquecido com a chegada da Semana Santa. Em Curitiba, a procura por peixes frescos chega a ser até dez vezes maior nesta época, calculam os comerciantes, que também ganharam um empurrãozinho da crise para ver o negócio engordar. Com menos dinheiro no bolso, carnes de cação e tilápia, cujo preço por quilo não passa dos R$ 30, tornaram-se muito mais atraentes do que o tradicional, porém caro, bacalhau.

Confira os horários de funcionamento de serviços e estabelecimentos em Curitiba durante a Páscoa

Mercado Municipal de Curitiba tem movimento intenso; veja horários de pico nos próximos dias

Leia a matéria completa

“Depois da história da Carne Fraca, as vendas na semana depois da operação cresceram em torno de 40%”, estima Paulo Mozer, proprietário do Pescados Keli Mozer, no Mercado Municipal. Segundo ele, o movimento foi, então, crescendo gradativamente por causa da Quaresma até chegar na Semana Santa. “Não podemos reclamar das vendas, elas estão muito boas. Chega a sair 1.000% a mais de peixe do que o comum. A crise apertou e acho que o pessoal está deixando mais de lado o bacalhau”.

E a hipótese de Mozer parece ser certeira. Maria Aparecida de Oliveira, de 55 anos, proprietária de uma das lojas do Mercado Municipal, diz que este ano reduziu o estoque de bacalhau justamente por medo de o movimento ser menor e o prejuízo, maior. “Pagar a fatura do bacalhau sem vender o bacalhau não dá”, ponderou.

Rodrigo Toldo, vendedor , disse que também sente falta dos cientes em busca de bacalhau que lotavam a loja onde ele trabalha nesta época do ano. “A crise pegou de jeito e a gente percebe que o povo está comendo mais peixe, que é mais barato do que outras carnes”, relata. Ele conta que, para evitar perdas maiores, o negócio foi flexibilizar a venda do bacalhau, dividindo as embalagens de dois quilos do produto. “Se o cliente pede para levar menos, a gente abre a embalagem e vende só o que ele pede”.

O cenário é o mesmo em peixarias de rua em Curitiba, onde o camarão - líder de vendas na Páscoa em anos anteriores - foi deixado de lado em 2017. “Sempre tem os consumidores que acabam levando produtos mais caros, mas a maioria das pessoas está escolhendo peixes mais baratos este ano”, explica Douglas Alberti, proprietário da Peixaria São José, no Centro.

Alberti também sentiu aumento nas vendas depois da divulgação da Operação Carne Fraca, principalmente nas duas primeiras semanas: “Depois, começou a cair, mas logo subiu de novo por conta da quaresma”. Apesar do crescimento sazonal, a quantidade vendida durante a Páscoa já foi maior em outros anos. “Nos últimos dois anos a Páscoa não foi tão boa para nós quanto era antigamente - acho que é por conta da crise”, avalia o comerciante.

*Colaborou: Cecília Tümler

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]