Cerca de 500 motoristas de táxi de Curitiba aderiram à campanha Táxi Solidário, em vigor desde sexta-feira (18). Para protestar contra a regulamentação dos aplicativos de transporte, como Uber e Cabify, assinada no mês passado pelo prefeito Rafael Greca (PMN), os taxistas estão oferecendo corridas coletivas a R$ 20 - dividido em quatro pessoas, sai por R$ 5 por passageiro, só um pouco mais caro do que a passagem de ônibus, de R$ 4,25.
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Os trajetos das corridas coletivas são similares aos das linhas de ônibus. Cinco trechos estão disponíveis: Praça Rui Barbosa – Vila Sandra, Praça Generoso Marques – Terminal de Santa Felicidade, Praça Santos Andrade – Jardim Social e Tarumã, Praça Rui Barbosa – Terminal Centenário e Praça Generoso Marques – Orleans e São Brás.
A prefeitura afirma que a Urbs, que regula e fiscaliza a frota de táxi, está monitorando o protesto e pode aplicar sanções aos motoristas. A administração municipal diz que a regulamentação do serviço de táxi não permite que corridas tenham preço pré-determinado. Na manhã desta segunda-feira (21), a União dos Taxistas de Curitiba (UTC) vai protocolar na prefeitura um pedido de reunião com o secretário municipal de Finanças Vitor Puppi. “Queremos uma conversa para que a prefeitura perceba a realidade que estamos passando”, argumenta o presidente da UTC, Eduardo Fernandes.
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No entanto, de acordo com os taxistas, o protesto não está burlando regras. “A Urbs está fazendo uma ameaça velada, estão dizendo que vão reforçar a fiscalização, que a atitude é incompatível com a Lei do Táxi. A prefeitura diz que não podemos cobrar valor fixo e andar com o taxímetro desligado. Acontece que vamos andar com o taxímetro ligado, mas vamos cobrar menos”, afirma um taxista que aderiu ao Táxi Solidário e prefere não se identificar.
“Já que o Uber pode, por que os táxis, que são legalizados, não podem? A prefeitura quer afundar com o transporte de táxi, vamos afundar com o transporte coletivo”, comenta o taxista. De acordo com esse motorista, a ideia é convencer a prefeitura a chamar o táxi para a discussão do transporte público. “Do jeito que está, não dá. A concorrência é desleal. Nós queremos mostrar números que provam que a situação está se tornando insustentável”.
Na manhã desta segunda (21), eram poucas as corridas coletivas feitas no terminal Centenário, no bairro Cajuru, um dos pontos do protesto - a categoria acredita que o volume de corridas vai aumentar conforme a população seja informada. Segundo Paulo Toledo, 39 anos, um dos organizadores do protesto, a procura de passageiros foi grande no fim de semana e deve aumentar agora. “Hoje de manhã [segunda] aumentou principalmente nos bairros. No centro o pessoal ainda está conhecendo”, informa. Segundo ele, o custo por km rodado de táxi é bem superior ao dos aplicativos, em torno de R$ 0,38.
Edson Luiz Becker, 46 anos, há 25 motorista do ponto do Centenário, considera o protesto válido. “Meu faturamento caiu 50% e todo dia a Urbs passa para ver minha licença e a máquina de cartão. Os Ubers andam por aí sem segurança nenhuma e não têm fiscalização”, reclama. “Em 25 anos é a pior situação para os taxistas. Nós estamos abandonados pela prefeitura, que continua cobrando valores excessivos de outorga. O pessoal está entregando as licenças”.
Já o taxista João Pedro Mendes, 82 anos, reclama que a entrada dos aplicativos está afetando a sua renda familiar. “Não estou mais conseguindo sustentar a família. Está bem triste a situação dos taxistas. Caiu pelo menos 65% o que eu ganhava. O que a prefeitura fez, sem conversar com ninguém sobre isso, foi cretinice”, afirma.
Mesma opinião de José Maria Sauer, taxista há 50 anos. “No auge, fazíamos 26 ou 30 corridas por dia. Atualmente, tem taxista que faz três. E mesmo assim tem que pagar as licenças, renovar o carro de tempos em tempos. O faturamento caiu 80%. Essa conta não vai fechar”, explica. Para ele, o Táxi Solidário é a única maneira de encarar a situação “antes do fim do táxi”.
Transporte clandestino
De acordo com o presidente da UTC, Eduardo Fernandes, a atual regulamentação do Uber e do Cabify também favorece o aparecimento de carros de transporte clandestino. “O que a gente quer é que a prefeitura revise esse decreto, que excluiu totalmente as necessidades dos taxistas e as consequências para o trânsito de Curitiba”, explicou, no final de semana.
A ideia, segundo os taxistas, é que a ação incentive uma conversa franca com a população. “Nós queremos que a população pague barato, mas tenha segurança, que os táxis participem dos estudos de mobilidade. Esse protesto quer chamar a população, a prefeitura e a cidade para um diálogo franco contra a concorrência desleal”, aponta um taxista.
Às 20h30 desta segunda, os taxistas vão se reunir no estacionamento do Parque Barigui para fazer um balanço do protesto. Fiscais da Urbs já começaram a sondar os motoristas de táxi para controlar a adesão.
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