WhatsApp e Facebook viraram instrumento de mais um golpe que vem sendo investigado pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DRFV) de Curitiba . Desta vez, os alvos são pessoas que tiveram seus carros roubados e que apelaram às redes sociais para informar sobre a perda do veículo. O problema é que essas informações compartilhadas estão sendo usadas por outros bandidos que passam a extorquir a vítima. Assim, a pessoa acaba sendo roubada duas vezes.
De acordo com a DFRV, somente no segundo semestre de 2018,15 pessoas registraram boletins de ocorrência após terem sido vítimas desse tipo de crime. O modus operandi é muito semelhante ao aplicado por uma quadrilha de Goiás presa no último mês de dezembro por cobrar resgate de carros roubados no Paraná e, mesmo assim, não devolvê-los. A prisão e as investigações foram feitas com a ajuda da polícia do Paraná, já que muitas vítimas eram daqui. A diferença para a prática de agora é a que a extorsão não parte dos ladrões, mas de pessoas que usam informações compartilhadas na internet sobre os carros roubados e pressionam as vítimas sem nem ao menos estarem com o veículo.
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“O molde é basicamente o mesmo da operação que a gente fez em dezembro. Só que, naquele caso, o autor usava informação do próprio sistema dele. Nesse caso, ele pega das redes sociais sem que tenha roubado o carro”, explica Edgar Dias Santana, delegado operacional da DRFV. “E o que acontece é que ele termina efetuando uma ligação com base naqueles dados e começa a ludibriar a vítima, que passa a ser ameaçada inclusive por causa do próprio Facebook porque o cara fala que conhece pai, irmã, irmão, até que a pessoa deposita a quantia que ele quer”, alerta o delegado.
Um dos casos que a Polícia Civil investiga é de um jovem que teve o carro levado na noite de 8 de janeiro na Rua Atílio Bório, no bairro Alto da XV. A vítima, que preferiu não se identificar por segurança, conta que recebeu uma ligação de número desconhecido menos de 24 horas depois da ocorrência. Do outro lado da linha, a pessoa afirmou ter comprado o carro dele por R$ 4 mil e pediu o mesmo valor para devolvê-lo.
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“O cara veio falando que comprou de um cidadão que dizia que era dono do carro e que pagou R$ 4 mil, então, para não sair no prejuízo, queria o mesmo valor. Mas eu estranhei porque como pode alguém comprar um carro que vale R$ 35 mil por R$ 4 mil? Só que depois dessa ligação, ele desapareceu e nunca mais ligou”, relata vítima.
Segundo o rapaz, ele foi alertado sobre o golpe na própria DRFV, onde registrou boletim de ocorrência no mesmo dia. “Lá eles me levantaram isso porque divulguei o roubo em vários grupos de WhatsApp, com meus contatos, meu telefone junto”, acrescentou o jovem.
Sobre os casos, a Polícia Civil diz que todos estão sendo investigados e que a hipótese maior é de que não haja apenas uma quadrilha agindo dessa forma, mas várias pessoas diferentes em núcleos independentes. “O leque é muito grande. Deve ter sim uma quadrilha, mas com certeza também bandidos aleatórios que simplesmente fazem isso para tentar a sorte”, afirma o delegado.
Cuidado
A principal orientação da Polícia Civil para evitar ser vítima de golpes como esse é não divulgar informações demais nas postagens. “É claro que divulgar os dados do roubo em alguns casos resolve, mas a maioria das situações está acontecendo esses problemas”, enfatiza Santana.
Por isso, o primeiro passo para quem tiver o carro roubado ainda é o mesmo: procurar a delegacia para registrar Boletim de Ocorrência e deixar que a polícia tente resolver o crime.
Mas, se mesmo assim, a pessoa quiser usar as redes para tentar mobilizar as buscas, evitar divulgar o telefone pessoal ajuda, já que os contatos dos criminosos são feitos preferencialmente para o próprio celular da vítima.
Outra dica é não cair em conversa de ligações feitas a partir de números privados. “Se é de número privado, pode ficar com um pé atrás porque em 90% dos casos é golpe”, finaliza o delegado.
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