As ruas Prefeito Ângelo Lopes, Presidente Rodrigo Otávio e Fernandes de Barros, entre os bairros Cristo Rei e Alto da XV, em Curitiba, têm cada vez mais chamado a atenção pela frequência de acidentes nos pontos em que cruzam com o eixo final da Rua XV de Novembro e também com a Marechal Deodoro. Há quem diga que, por ali, pelo menos duas batidas por mês interrompem o trânsito - geralmente no horário de pico, deixando a situação ainda mais complicada. O excesso de velocidade de ônibus e a imprudência de motoristas que usam a faixa exclusivas dos coletivos são os motivos mais evidentes, mas a prefeitura garante que, em breve, o tráfego de toda a região do Alto da XV vai passar por mudanças significativas que podem aliviar a situação.
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A Superintendência de Trânsito de Curitiba (Setran) afirmou que está desenvolvendo estudos para rever a circulação viária da região do Alto da XV. Os projetos estão sendo feitos junto com o Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
O que foi esclarecido até agora é que esse estudo inclui a possibilidade de mudança de sentido de algumas vias que são transversais à Rua XV de Novembro e à Marechal Deodoro. Também está sendo analisada a viabilidade de proibição da conversão à esquerda em algumas vias, com o objetivo de não formar filas de espera nos cruzamentos e melhorar a segurança.
O nome das ruas que vão passar por mudança não foram divulgadas porque o estudo ainda não está concluído.
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Perigo
Do posto de gasolina onde trabalha, Adilson Silva, de 37 anos, vê colisões com frequência na esquina entre a Presidente Rodrigo Otávio e a Rua XV. Ele diz que o motivo é a pouca visibilidade que os motoristas têm para acessar a via que desce em direção ao Centro da cidade. Com isso, eles precisam “embicar” o carro demais e acabam sendo atingidos por outros automóveis que descem em toda velocidade. “É bem comum ter acidentes porque aqui é um ponto bem confuso. O carro tem que avançar bastante para ver se o cruzamento está livre. Claro que um pouco é falta de atenção deles, mas geralmente essa é uma esquina bem perigosa”, avalia o frentista.
Do outro lado da rua, taxistas confirmam e acrescentam que o cruzamento fica ainda mais complicado pela falta de sinalização. É que o ponto é local de convergência de duas ruas. Além da Presidente Rodrigo Otávio, cruza o trecho que passa pela XV a Avenida Visconde de Guarapuava - de onde muitos motoristas avançam com tudo para a via principal sem respeitar a preferência. “Os que vêm da Visconde não param aqui. Eles não veem a placa que a preferência não é deles e por isso é bem normal a gente ver batida aqui. Não só isso. Nossos táxis aqui são atingidos diretos também”, comentou o taxista Raimundo Marinho, de 61 anos, que trabalha ali todos os dias.
Segundo o taxista Julio Cesar Dallagassa, de 42, o grupo chegou a fazer dez solicitações à prefeitura, via 156, para colocar uma faixa indicando parada obrigatória para motoristas que descem a Visconde de Guarapuava antes de acessar a Rua XV. Nenhum pedido foi atendido. E no último ano, três táxis do ponto tiveram estragos depois de batidas no local. “Nós ficamos com o coração na mão aqui o tempo todo”, diz.
A reclamação não é diferente nas esquinas da Prefeito Angelo Lopes e Fernandes de Barros com a XV. Nesta última, Elizabete Duenas, 61, dona de um café nas redondezas, diz que o problema são os ônibus que transitam muito rapidamente pelas faixas exclusivas e pegam os motoristas de surpresa. Segundo relata a comerciante, ao pensar que o fluxo está livre, os condutores avançam e se deparam com o coletivo descendo em uma velocidade difícil de frear. “Aí é onde tudo acontece. É horrorosa a situação nessas ruas aqui”.
Foi justamente um ônibus um dos veículos envolvidos em acidente que feriu uma vendedora e quase atingiu dois clientes de uma loja na esquina com a Prefeito Ângelo Lopes. Há cerca de seis meses, uma motorista tentou cruzar rapidamente a XV, mas não conseguiu fechar todo o trecho antes de ser atingida por um veículo do transporte coletivo. Ela perdeu o controle do carro, rodopiou e bateu contra o muro da loja, bem próximo de onde a vendedora conversava com outras duas pessoas.
Outro funcionário da loja, Elimar Croin, de 47, disse que a batida derrubou uma barra de ferro, por sorte pequena, que atingiu o ombro da colega. Alguns fornos em exposição do lado de fora do estabelecimento foram danificados. “Aqui é uma rua onde todo mundo desce com pressa. Os ônibus vêm rápido, mas também tem muito carro que aproveita para usar a via exclusiva e ajuda a provocar esses acidentes”, acrescentou.
Em nota, Setran reforçou que, no curto prazo, será feito o reforço na sinalização dos trecho mencionados na reportagem. “Cabe salientar, ainda, que equipes da Setran fazem fiscalizações de rotina - não somente neste trecho - para inibir a prática de motoristas que trafegam pela faixa exclusiva de ônibus”, afirma a pasta.