Alunos das escolas municipais de Curitiba com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) passarão a ser acompanhados, no contraturno, em um espaço exclusivo a partir de setembro. A iniciativa coloca a capital na dianteira como a primeira cidade do país a oferecer um centro especializado de educação no atendimento a crianças com TEA e vai ao encontro da demanda da rede, onde número de estudantes autistas matriculados mais do que dobrou nos últimos três anos, passando de 506 em 2016 para 1.105 em 2019.
O Centro de Ensino Estruturado (CEE) vai funcionar no prédio da Secretaria Municipal de Educação (SME), no bairro Alto da Glória, e terá uma equipe de 13 professores com capacitação específica para atender estudantes com graus mais severos do transtorno.
Hoje, todos os alunos da rede com autismo - caracterizado por padrões de comportamento repetitivo e dificuldade de interação social - já são acompanhados nos Centros Municipais de Atendimento Educacional Especializado (CMAEEs), mas em paralelo a outras 1,4 mil crianças em diferentes processos de inclusão. "É diferente eu ter nas oito salas todo mundo trabalhando com o ensino estruturado. A troca de experiências que eu tenho com os profissionais, quando temos um repertório exclusivo, dá uma excelência para o atendimento", explica Maria Sílvia Bacila, secretária municipal de Educação.
O objetivo da Secretaria Municipal de Educação é que o ensino focado consiga trazer um diferencial para o desenvolvimento dos alunos com TEA. Por isso, apenas estudantes com graus mais severos serão selecionados.
A triagem, de acordo com a pasta, ainda não foi feita, mas a expectativa é atender 300 alunos por mês. "Esses alunos serão avaliados e então vamos definir quem virá. O projeto é bom para todos, mas nem todos vão ter essa necessidade rápida de atendimento tão intensivo. Em muitos casos, uma ação mais pulverizada nas nossas salas multifuncionais ajuda", justifica a secretária.
Necessidade
A criação do CEE é o caminho que a prefeitura de Curitiba disse ter encontrado para se tornar referência no país no acompanhamento de alunos com TEA, ao mesmo tempo em que a iniciativa também reflete o crescimento de estudantes matriculados na rede.
Na outra ponta, familiares e apoiadores da causa dão boas-vindas ao projeto - na pauta há tempos - , mas alertam que o ideal é que as atividades específicas sejam agregadas à rotina a que a criança já está inserida.
"É um projeto que a gente cobra há tempos e que é realmente necessário, mas é importante não tirar o aluno do convívio com outras crianças, criar possibilidades para que ela se desenvolva além dele", pontua a fundadora e presidente da Associação de Atendimento e Apoio ao Autista de Curitiba (Aampara) Rosimeri Benites. "E também é importante que esses profissionais sejam os mesmos que vão trabalhar a inclusão na escola. O acompanhamento da adaptação de todo o processo é um avanço", acrescenta.
Dados do Censo Escolar de 2019 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que o grupo de alunos com TEA que frequentam classes comuns no Brasil passou de 77.102 em 2017 para 105.842 em 2018, um crescimento de 37%.
Em um levantamento mundial que extrapola as salas de aula, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estima que 1 em cada 160 crianças tem o transtorno.
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