Anunciado ainda em 2018, o projeto Muralha Digital começou enfim a sair do papel. Com a assinatura do contrato para aquisição de câmeras de alta resolução, a prefeitura estima que até o fim do ano esteja instalada uma estrutura que permitirá monitorar em tempo real 1.185 pontos do município, incluindo 38 vias de acesso à cidade. Uma segunda etapa, em 2021, prevê a integração à plataforma de monitoramento de centenas de câmeras de particulares - de shoppings, comércios e até residências - , copiando o sistema de supervigilância adotado com sucesso em cidades como Jerusalém e Tel Aviv, em Israel, Chicago, nos EUA, e Barcelona, na Espanha.
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Ao todo serão adquiridos 488 novos equipamentos, mais modernos do que os 697 já instalados em ruas, praças, terminais e estações-tubo, que também passarão por manutenção. Serão 406 câmeras de alta resolução, 52 com tecnologia de reconhecimento facial em tempo real, 12 panorâmicas, quatro com análise térmica e 14 com sistema OCR, para identificação de placas de veículos.
Segundo a prefeitura, o software de reconhecimento facial permite identificar uma pessoa ainda que ela esteja usando máscara respiratória.
Tudo isso é apenas uma de várias frentes do projeto lançado pela Secretaria de Defesa Social (SDS), em parceria com o Instituto das Cidades Inteligentes (ICI), na última segunda-feira (29). Segundo o titular da pasta, Guilherme Rangel, a instalação dos equipamentos, ainda em processo de definição, será feita com base no mapa do crime.
Além das câmeras, o projeto contempla cerca de 300 radares, que fiscalizarão 804 faixas de trânsito com leitura de placa. A ideia é monitorar todas as vias de entrada e saída da cidade, identificando, por exemplo, veículos roubados. Outra medida será a implantação de 185 botões de pânico, um em cada escola municipal.
As medidas devem resolver um problema que já vem de tempos. Em 2018, apenas 35% das câmeras de monitoramento utilizadas pela guarda municipal estavam funcionando. A SDS atribui a responsabilidade às gestões anteriores – os equipamentos foram instalados no início dos anos 2000.
“Desde que assumimos, fizemos uma força tarefa para a manutenção dessas câmeras. Hoje a imensa maioria está operando”, diz o secretário. “Vários crimes vem sendo solucionados com o auxílio das imagens.”
Projeto prevê incorporar imagens de câmeras particulares
Já para 2021, a secretaria espera incorporar ao sistema o acesso em tempo real a câmeras particulares, procedimento já regulamentado em lei aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba.
“Serão apenas câmeras externas de shoppings, comércios, postos de combustível e até residências”, explica Rangel. A adesão será voluntária e, por enquanto, não há uma estimativa de quantas câmeras de segurança de uso privado existem na cidade.
O modelo é inspirado em referências internacionais, onde o método tem se mostrado eficaz, como Jerusalém e Tel Aviv, em Israel, Chicago, nos Estados Unidos, e Barcelona, na Espanha.
“Chicago, que apresentava altos índices de criminalidade historicamente, teve uma revolução na última década em termos de segurança”, destaca Rangel. “Lá são utilizadas 35 mil câmeras de monitoramento: 4 mil públicas e 31 mil privadas, todas integradas em um centro de controle.”
Em Curitiba, as imagens serão enviadas em tempo real para um novo Centro de Controle de Operações (CCO), que já começou a ser instalado no prédio do ICI. Uma inteligência artificial permitirá ao software “aprender” a identificar condutas suspeitas independentemente da presença de um operador humano.
Um convênio com a Secretarial Estadual da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), que está em processo de finalização, permitirá o espelhamento das imagens para os órgãos de segurança estaduais, como as polícias civil e militar.
Além da segurança pública, a Muralha Digital pode servir o município em processos de gestão do trânsito, transporte coletivo e assistência social, por exemplo.
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