Curitiba é a primeira cidade brasileira a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho. O título foi oficializado nesta sexta-feira (1.º) Dia Mundial de Luta Contra o HIV/Aids. A capital paranaense comprovou ao Ministério da Saúde que cumpriu indicadores e metas de impacto nos últimos três anos e por isso conseguiu a certificação.
Uma das metas alcançadas por Curitiba foi a manutenção da taxa de transmissão de mãe para filho inferior a 0,3 para cada mil nascidos vivos. Desde 2014, a cidade teve apenas um caso de bebê contaminado com o vírus e ele está sendo acompanhado pelo município. Assim, em 2014, a taxa foi 1. Em 2015, 0,04 e, em 2016, 0.
Por causa dessa conquista, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, veio a Curitiba para entregar o Certificado de Eliminação da Transmissão Vertical ao prefeito Rafael Greca e à secretária municipal de saúde, Márcia Huçulak. A solenidade ocorreu no Salão de Atos do Parque Barigui nesta sexta-feira.
De acordo com informações da prefeitura de Curitiba e do Ministério da Saúde, desde 1993 a cidade protege as mães e as crianças e isso se intensificou com o programa Mãe Curitibana. “A nossa ideia é celebrar essa alegria de nenhum curitibano nascer com Aids e passar esse modelo para os outros municípios do Brasil”, afirmou Barros.
O município também comprovou que possui uma linha de cuidado e monitoramento às gestantes, para diagnóstico, tratamento e prevenção do contágio do bebê. Um comitê nacional validou os parâmetros e fez visitas técnicas à cidade em novembro, última etapa do processo de avaliação.
Podem solicitar a certificação ao Ministério municípios com mais de 100 mil habitantes que atingiram as metas e os indicadores estabelecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a secretaria municipal de Saúde, Márcia Huçulak, outra ação que possibilitou a eliminação de transmissão do HIV das mães para os bebê foi o fato de introduzir como obrigatório no pré-natal a realização de pelo menos dois testes, no início e no final da gravidez, para verificação do HIV. Isso ocorre desde 1999.
“Temos um laboratório especializado para as mães que forem identificadas como portadores do vírus ou da doença. Essa gestante vai ganhar bebê em um hospital que está preparado, que faz a medicação com o kit antirretroviral durante o trabalho de parto. Além disso, tem todo um acompanhamento desse bebê até os dois anos de vida. Todas essas ações encadeadas nos permitiram chegar a essa certificação”, disse a secretaria.
Com o trabalho de prevenção realizado com as gestantes na capital, nos últimos dez anos, cerca de 400 bebês de mães HIV positivo deixaram de ser contaminados. A transmissão do HIV de mãe para filho pode chegar aos 45%, quando não há intervenção alguma. Entre 2007 e 2016, Curitiba registrou 926 casos de gestantes HIV positivo.
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