Fazendo o mesmo caminho todos os dias para chegar até a empresa onde trabalha, situada às margens do Contorno Sul, trecho da BR-376 na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o encarregado de depósito Jorge Ademir da Silva, 45 anos, teve uma surpresa desagradável há poucos dias. Em casa, ele recebeu uma multa registrada por um radar que faz parte de seu trajeto, localizado no Km 598,9 da rodovia. Mas o que até então seria uma situação normal acabou gerando revolta e desconfiança, pela velocidade registrada pelo equipamento.
“Nunca tomei uma multa, tenho carteira há anos, para dirigir ônibus e caminhões. Quando vi a multa tomei um susto. Nela mostrava que eu tinha passado a 175 quilômetros por hora (km/h) pelo radar. Acho que meu carro nem chega a essa velocidade. Além disto, esta região tem muitos congestionamentos, é impossível passar dos 75 km/h no Contorno, principalmente no fim da tarde e à noite. Eu nunca andaria nesta velocidade, aqui ou em qualquer outro lugar. Estou ‘injuriado’ e com medo de continuar passando por este radar”, desabafa Silva, que recorreu aos órgãos competentes para solicitar a anulação da multa.
Se não conseguir que seu recurso seja aceito, pela infração supostamente cometida às 19h45 do dia 27 de abril deste ano, ele terá que desembolsar R$ 880,41 – valor correspondente à multa por excesso de velocidade, por transitar com velocidade acima de 50% do permitido na via, que no local do radar, é de 60 km/h. Além da multa em dinheiro, neste caso ainda há a perda de 21 pontos na carteira de habilitação, o que leva à suspensão imediata do documento.
E ele não foi a única pessoa que reclama desse radar. Seu colega de trabalho, o carreteiro João Gilberto Martins, 43, também multado no mesmo local, cerca de duas semanas depois. “Chegou a multa lá em casa na semana passada, uma multa gravíssima, com desconto de pontos da carteira multiplicado por três. Quando abri, quase não acreditei, estava escrito que passei pelo radar a 162 km/h. Pensei que pudesse ter passado uns 10 quilômetros acima do permitido, mas sei que não ultrapassei a velocidade. Cuido da minha carteira mais do que tudo, preciso dela para trabalhar, faço sempre cursos de direção defensiva na empresa. Não quero pagar esta multa, acho injusto, não devo, sei que não estava correndo”, relata Martins, que foi autuado no dia 12 de maio, às 20h28.
Falhas no radar
Segundo os motoristas, há algum tempo o equipamento costuma registrar uma velocidade diferente da mostrada pelo velocímetro dos veículos, além de falhar, deixar de registrar a passagens de alguns carros e às vezes, ficar apagado.
“Eu trabalho em uma empresa que fica no Contorno, passo por esta região da CIC todos os dias. No dia 5 de maio (deste ano), tinha um torneio no clube da empresa, por isso saí mais tarde de lá e passei pelo radar às 22h24. Sempre ando por ali, devagar e ainda assim recebi uma multa de 167 km/h. Mas sei que passei devagar. Isso está errado, é injusto. Este radar trava direto, fica ‘zerado’ ou só piscando. Não é um equipamento confiável. Eles precisam fazer manutenção deste radar”, diz o metalúrgico João Batista da Silva, 51, que também pede a revisão da infração.
No entanto, na manhã do dia 9 de junho, quando a equipe da Tribuna esteve no local, o radar registrou a velocidade exata mostrada pelo velocímetro do carro da reportagem. Na região, a poucos quilômetros dali, outro radar também incomodou os motoristas por erros na marcação da velocidade registrada, como mostramos em setembro do ano passado.
DNIT orienta lesados
Sobre as reclamações dos motoristas, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), informou que “a princípio, devido às altas velocidades apontadas pelo radar, tudo indica que seja um problema técnico do equipamento em questão”. Como o problema é recente, o órgão não soube precisar o número de multas, já que os motoristas autuados indevidamente estão entrando em contato com a superintendência no Paraná e a sede em Brasília.
O DNIT pede a todos que tiveram o mesmo problema que registrem sua reclamação na Ouvidoria localizada na capital federal. É possível entrar em contato pelo telefone: 0800-611-535, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, e das 14h às 18h. Além disso, dá para enviar mensagens para a Ouvidoria por meio do site. O Sistema Online de Ouvidoria funciona 24h. Também é possível enviar um FAX para o número (61) 3315-4051. Outra forma é mandar cartas para: SAN Qd. 3 Lote A, 4º Andar, sala 097, Ed. Núcleo dos Transportes, Brasília-DF. CEP: 70040-902.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Deixe sua opinião