O turismo de lazer em Curitiba dá sinais claros de retomada com a queda nos números da Covid-19. Tanto que a prefeitura pretende usar essa volta para ampliar o uso de tecnologias e de áreas a serem desbravadas por quem vem visitar a capital [leia abaixo]. Mas o turismo corporativo e de eventos segue estagnado, com previsão de melhorar apenas para 2023.
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A explicação desse contraste está na data e no tipo de organização de cada linha de turismo. O fim do ano é a joia do calendário no turismo de lazer, quando chegam as férias escolares e, junto, o calor. No caso de Curitiba, há ainda os os atrativos de Natal que trazem turistas de todo o país, além de a cidade ser caminho para outros pontos turísticos, como as praias.
Já para o turismo corporativo e de eventos o período é de baixa, quando as empresas fecham suas atividades para balanço. Além disso, a própria natureza da atividade impacta na retomada, já que eventos de grande porte exigem organização de até um ano antes.
"O turismo de lazer sim está melhorando com o avanço da vacinação. Ainda não voltou no nível pré-pandemia, mas o fluxo está bom. Quem ainda está bastante cauteloso é o setor de turismo corporativo. Tanto que a maioria das captações para organizar eventos é para 2023 até 2026", argumenta o presidente do Curitiba Convention & Visitors Bureau (CCVB) e também da regional paranaense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PR), Paulo Iglesias.
Um demonstrativo desse contraste das duas atividades turísticas na capital na retomada da pandemia é a inversão na ocupação dos hotéis. A rede hoteleira de Curitiba fechou o mês de outubro com mais ocupação no fim de semana do que nos dias de semana. "Isso não é o comum. O comum é o contrário, com a ocupação hoteleira sendo maior nos dias de semana", enfatiza Iglesias.
Preço das diárias está igual há oito anos
Segundo o presidente do CCVB e ABHI-PR, a rede hoteleira de Curitiba vêm demonstrando recuperação, com ocupação de aproximadamente 70% do período anterior à pandemia. Porém, o preço das diárias segue baixo, cerca de 25% menor do que antes da crise sanitária, com valores próximos do que era cobrado há oito anos.
"As diárias já estavam baixas antes da pandemia porque já vínhamos de crise econômica. Houve uma recuperação pequena em 2019, mas aí veio a pandemia. Hoje a diária média é igual à cobrada em 2013, isso sem contar inflação", compara Iglesias.
A organização de encontros corporativos, como feiras de negócios, ou mesmo eventos, como espetáculos e shows, demanda mais tempo para retornar. Segundo Iglesias, o setor já nota aumento de ações pequenas, como eventos em salões de hotéis, atividade que está próximo de 30% do período pré-Covid-19. "Só que esses eventos menores envolvem público da própria cidade, de funcionários de uma determinada empresa, por exemplo. Nesse caso, não há ocupação dos quartos, que o ocorre quando há eventos maiores, que trazem pessoas de fora", explica.
Iglesias afirma que o setor ainda está receoso em organizar eventos grandes pela possibilidade de haver prejuízo com cancelamentos. Isso porque ainda há risco de o quadro epidemiológico piorar novamente e, consequentemente, retornarem as restrições. "O quadro da pandemia não permitiu que Curitiba retomasse essas atividades antes. O que acabou levando eventos para outras cidades que já permitiam públicos maiores", aponta Iglesias.
Quinta-feira (4), a prefeitura flexibilizou praticamente todas as medidas restritivas de prevenção da Covid-19. Conforme o decreto 1.850/2021, as únicas obrigatoriedades no momento são o uso de máscaras e a proibição de consumo de bebidas alcoólicas em vias públicas, com exceção de feiras livres e de artesanato.
Tecnologias e experiências
Com a volta dos turistas a Curitiba, a prefeitura quer expandir o uso de tecnologias nos serviços e a abrangência de setores a serem explorados na cidade. O passo inicial desse planejamento será o Natal, data que sempre atraiu visitantes à capital. "Estamos usando o Natal não como retomada do turismo em Curitiba, mas de aceleração do turismo na cidade", ressalta a presidente do Instituto Municipal de Turismo (IMT).
Em termos de tecnologia, o objetivo da prefeitura é expandir ferramentas que permitam novas interações do turista com a cidade. "Queremos que o turista tenha Curitiba em seu celular, com realidade aumentada e gameficação", aponta Tatiana. Um desses pontos, por exemplo, é a atualização dos áudios da Linha Turismo em quatro línguas: português, inglês, espanhol e francês.
Essa tecnologia, acredita a presidente do IMT, vai ajudar no plano de expandir as atividades dos visitantes em Curitiba. "Esse vai ser o grande desafio: mostrar toda a diversidade da cidade além dos cartões-postais. Que o turismo não seja só contemplativo, mas também contenha experiências, com setores como gastronomia, esportes e tantos outros", complementa.
"Queremos que haja uma oferta associada de turismo, que a pessoa possa também apreciar as cervejas artesanais e cafés de Curitiba que são conhecidos ou que pratique atividades esportivas, como o BMX com a nova pista no Parque Peladeiro", cita Tatiana.
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