Curitiba tem atualmente 154 processos administrativos sobre imóveis abandonados que têm potencial para se tornaram mocós. Os dados são da Secretaria Municipal de Urbanismo de Curitiba, porém, a pasta não soube informar quais e quantos realmente já foram ocupados irregularmente por pessoas em situação de rua e/ou usuários de drogas. Ou seja, não se sabe quantos desses 154 centros comerciais e residência efetivamente viram “mócos” na capital paranaense.
Em maio, a reportagem da Gazeta do Povo já havia questionado a prefeitura sobre esse problema e a resposta à época foi de havia 133 notificações sobre imóveis abandonados, dos quais 14 eram mocós.
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Para tentar solucionar o problema, a prefeitura notifica os proprietários e aplica multa, mas reforça que é muito importante que a população contribua com as denúncias via central 156, pois é isso que garante que os responsáveis sejam avisados e responsabilizados. As denúncias da população sobre os mocós representam 0,01% dos processos que geram fiscalização. Por esse motivo a administração municipal reforça a necessidade de que os curitibanos entrem em contato com central 156 – por telefone ou pela internet – e relatem esse tipo de situação.
Relembre alguns mocós registrados pela reportagem em Curitiba
Os pedidos podem ser feitos todos os dias da semana, inclusive nos feriados, em qualquer horário do dia. Além dos dados pessoais, é importante que o cidadão informe o local da ocorrência e a situação do imóvel. De acordo com a secretaria, 54 dos 154 processos administrados foram registrados apenas em 2018 e, até o momento, apenas 15 tiveram a situação regularizada.
Após a denúncia, a equipe de fiscalização é acionada para fazer a vistoria do imóvel e comprovar a irregularidade. A partir daí, uma notificação é encaminhada pessoalmente ou por correio e quando o proprietário não é encontrado, o aviso ocorre via edital no Diário Oficial da União.
Dificuldades
Apesar de todo este processo, a prefeitura alega dificuldades em resolver alguns casos específicos como empresas de massas falidas, por exemplo. “A gente percebe dificuldades quando os proprietários são empresas falidas ou herdeiros. A prefeitura não tem um projeto para que isso e a responsabilidade é do proprietário. A própria lei coloca o município e credor em último lugar”, pontua a diretora de fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo, Jussara Policeno de Oliveira.
Além do trabalho da fiscalização, nos casos em que os terrenos viram mocós, uma equipe da Fundação de Ação Social (FAS) é chamada para fazer o atendimento das pessoas em situação de rua.
Multas
Segundo a diretora de fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo, Jussara Policeno de Oliveira, o município se responsabiliza apenas pela localização e notificação do proprietário, mas não pela limpeza e manutenção do terreno em si. Por isso, a forma encontrada para pressionar os proprietários dos imóveis irregulares são as multas cujo valor varia de acordo com cada situação além do aumento no Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). “A lei prevê que caso a irregularidade persista, o proprietário é notificado e multado em dobro conforme o tamanho do terreno. Além disso, ele pode ser subnotificado por outras coisas como a vedação do imóvel, a construção da calçada, a limpeza interna e externa do terreno e a limpeza do passeio. Nestes casos a prefeitura também pode aumentar o IPTU”, explica.
Os valores das multas são definidos conforme o artigo 66 da Lei 11095/2004, e variam muito conforme cada caso. Na primeira multa para edificações com até 400,00 m², a pessoa precisa desembolsar R$ 2.189,56 por ter deixado o imóvel abandonado.
Nos casos que a edificação tenha mais de 400,00 m², o valor fica em R$ 4.180,59 . Quando a pessoa não cumpre a primeira notificação, a multa dobra.
Relembre alguns mocós noticiados pela Gazeta do Povo
1.Centro comercial abandonado em frente ao Hospital Cajuru
Em agosto deste ano, a reportagem da Gazeta do Povo noticiou o caso de um centro comercial desativado que se transformou em um mocó no meio do bairro Cristo Rei, em frente ao Hospital Cajuru. Além de paredes pichadas, marquises destruídas e vidros quebrados, o espaço virou um ponto de usuários de drogas e ladrões. O motivo do abandono foi falência da antiga administradora.
2.Barracões no Jardim Botânico
Três barracões localizados na Rua Doutor Dário Lopes dos Santos, no bairro Jardim Botânico viraram um enorme mocó de 15 mil metros², com direito a depósito de lixo além de ser um espaço para desabrigados. Assim como muitos imóveis, o local faliu em 1999 e em 2015 passou a ficar por conta da empresa falida que até o momento não resolveu a situação.
3.Ruínas São Francisco - Palácio Belvedere
Após permanecer fechado durante três anos, o Palácio Belverde, localizado no bairro São Francisco passou de Patrimônio Histórico do Estado a um grande mocó . Em 2017, o local pegou fogo e somente após esse fato, a prefeitura de Curitiba anunciou a restauração do prédio com entrega prevista neste ano à Academia Paranaense das Letras (APL).
4.Casa Amarela do Parque Barigui
Fechado há mais de um ano, o antigo bistrô dentro do Parque Barigui em Curitiba também virou um local abandonado. Em julho deste ano, a reportagem da Gazeta do Povo esteve no local e comprovou as marcas do abandono. A prefeitura se manifestou sobre o caso e informou que está desenvolvendo um projeto de reforma no local mas ainda não há um prazo para que isso aconteça.
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