Mais uma vez, Curitiba aposta em um processo licitatório para tentar viabilizar os bicicletários. Um edital acaba de ser lançado pela prefeitura, prevendo a exploração por particulares das seis áreas públicas já existentes na cidade, mas que estão há anos sem uso.
A diferença é que agora, além de estacionamento e reparos de bicicletas, será possível manter nos locais espaços de alimentação, com cafés e lanchonetes. Dessa vez também estão previstos banheiros, o que antes não havia e era uma reclamação dos usuários.
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“Abrimos a possibilidade de agregar uma atividade secundária para gerar rotatividade e melhorar o retorno financeiro”, diz Pedro Romanel, diretor administrativo e financeiro da Urbs. “Os bicicletários foram instalados em 2006, mas tiveram pouco interesse ao longo dos anos, porque apenas a atividade de estacionamento e conserto não gerava rentabilidade suficiente para pagamento de salários de funcionários e custos operacionais”, explica.
Sobre o aluguel de bicicletas nos locais, Romanel diz que isso não é uma exigência do edital, mas o empresário poderá oferecer esse serviço, caso deseje.
Essa já é a terceira tentativa da prefeitura de viabilizar os bicicletários. Fernando Rosenbaum, conselheiro do CicloIguaçu, organização que reúne ciclistas de Curitiba e região metropolitana, conta que na primeira vez não surgiram interessados.
Na segunda, uma única empresa venceu três lotes e passou a explorar os bicicletários do Jardim Botânico, Centro Cívico e São Lourenço. As outras áreas não tiveram interessados. “Além de o negócio se mostrar inviável economicamente, havia problemas de segurança, com assaltos frequentes. Acabaram desistindo”, conta. Funcionaram apenas de 2012 a 2015.
Quem representa os ciclistas e defende a bicicleta como causa propõe que Curitiba tenha um sistema de aluguel de bicicletas ou outro modelo de uso compartilhado, o que não está previsto no edital. “Essa demanda ficou evidenciada quando surgiram aqui as bicicletas amarelas. Foram bastante usadas, mas ninguém conseguia entender de quem era a responsabilidade e acabaram não permanecendo”, lembra Patrícia Valverde, coordenadora da CicloIguaçu.
Ela diz que a proposta atual, assim como as anteriores, está mais voltada ao uso recreativo da bicicleta. “Não pode ser só isso. As pessoas usam como meio de transporte, para trabalhar”, afirma. Patrícia defende um planejamento amplo, com garantia de infraestrutura e campanhas que incentivem esse modal.
“Todo apoio para o uso da bicicleta é bem-vindo e necessário, mas essa iniciativa não atende à urgência para aumentar o uso da bicicleta com mais segurança em Curitiba”, diz o deputado estadual e cicloativista Goura (PDT). Para ele, é preciso que Curitiba tenha amplos bicicletários públicos, de massa, e não apenas com 10 vagas (como os atuais).
Bicicletários deverão ser abertos ao público em novembro
Os seis bicicletários estão no São Lourenço, Centro Cívico, Jardim Botânico, Arthur Bernardes, Carmo e Pinheirinho. Eles têm 45 metros quadrados de área coberta e capacidade para estacionamento de dez bicicletas. A infraestrutura já está pronta. Foi implantada em 2006 pela empresa Clear Channel, responsável pelo mobiliário urbano da cidade.
O edital prevê o uso por cinco anos, renovável por igual período. O valor mínimo de outorga varia conforme a localização. Vai de R$ 11.238,50 a R$ R$ 13.554,50. Esse valor pode ser pago à vista ou em dez parcelas. Além disso, há uma taxa mensal de uso do espaço que varia de R$ 1.100,00 a R$ 1.350,00.
As propostas deverão ser apresentadas no dia 9 de agosto em separado para cada área. Vence a de maior valor de outorga. A partir da definição dos ganhadores e prazos de recurso, os vencedores têm 60 dias para a adequação e estruturação dos pontos. A previsão é que os bicicletários sejam abertos ao público em novembro.
Os interessados em conhecer os espaços podem agendar a visita pelo telefone (41) 3320-3295. A visita poderá ser feita até dois dias úteis antes da abertura das propostas. Veja aqui o que é preciso para participar do certame.
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