A Prefeitura de Curitiba está testando uma nova forma de aplicação de asfalto, que promete ser mais econômica e mais durável do que o modelo tradicional. É o chamado “asfalto morno”, produzido e aplicado a temperaturas menores do que as do “asfalto quente”. E é nesta redução de temperatura, de cerca de 40 graus, que estariam os principais trunfos da nova tecnologia.
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Nos dois casos, a base da chamada mistura asfáltica é basicamente a mesma: pedras e um agente ligante – geralmente o betume, um derivado do petróleo. O processo tradicional de fabricação da massa asfáltica consiste em aquecer as pedras a cerca de 200 graus de temperatura e aí aplicar o agente ligante. A mistura é então batida por equipamentos que se assemelham a betoneiras, para que o ligante grude nas pedras e possa, assim, ser aplicado como asfalto.
Só que no processo tradicional de fabricação, as altas temperaturas fazem com que uma parte importante desse agente ligante passe pelo processo de oxidação. “São óleos, que por serem mais voláteis, acabam queimando neste processo”, explicou Hernando Macedo Faria, gerente de negócios da Ingevity que fabrica compostos usados na produção do asfalto morno, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.
Esses óleos têm um papel importante na durabilidade do asfalto, detalhou Faria, e são preservados durante o processo de fabricação do asfalto a temperaturas mais baixas. “Como a mistura é feita a cerca de 160 graus, não fica quente o suficiente para que esses óleos queimem, ou se oxidem. Esses óleos garantem mais flexibilidade à mistura asfáltica, o que a longo prazo significa mais durabilidade e menos propensão a fissuras ou trincas no pavimento”, disse.
Óleo vegetal reduz a temperatura do asfalto
A redução na temperatura necessária para a fabricação da mistura asfáltica é obtida com a adição de um composto orgânico, um óleo extraído de árvores. Esse composto muda as propriedades do ligante, e faz com que a mistura seja feita de forma tão eficiente quanto no modelo “quente”, mas com temperaturas menores, explicou o gerente.
“Um metro cúbico de asfalto pesa cerca de 2,4 toneladas. Neste total, é necessário acrescentar cerca de 480 gramas, menos de meio quilo, desse composto para fazer a mistura morna”, detalhou Faria. “Essa mistura precisa ser aquecida por uma chama muito forte, alimentada a gás natural ou mesmo a diesel. A temperatura mais baixa resulta numa economia de 35% de combustível durante a produção”, disse.
O asfalto morno já representa 40% de todo o pavimento utilizado nos Estados Unidos, segundo dados da Associação Nacional do Pavimento Asfáltico dos EUA. A iniciativa é destacada pelo Departamento Norte-americano de Transportes – equivalente a um ministério – como responsável pela redução nos custos de pavimentação e melhora na qualidade do asfalto.
No site do departamento um texto explica a relação entre a temperatura mais baixa da mistura e a maior facilidade de aplicação. “A mistura de asfalto morno reduz a viscosidade do ligante, de forma a permitir que o agregado possa ser aplicado a temperaturas mais baixas. O asfalto morno gera economia no tempo gasto para aplicação e na força de trabalho necessária para compactação”, diz a nota.
"Asfalto morno" permite usar menos vezes o rolo compactador
“Em uma aplicação normal”, comentou Faria, “é preciso passar o rolo compactador por 20 vezes, 10 idas e 10 voltas, para garantir que o asfalto atinja a compactação necessária. Com o asfalto morno, isso é feito apenas seis vezes, três idas e três voltas. Além disso, as emissões de gases causadores do efeito estufa são 15% menores. Em outros compostos orgânicos voláteis, essa redução chega a 85%, o que afeta diretamente na saúde dos trabalhadores que aplicam esse asfalto”, comentou.
Procurada, a Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba (Smop) confirmou que a aplicação do asfalto morno vem sendo feita na forma de testes desde novembro de 2021. Esses testes foram feitos na Rua Manoel Eufrásio, entre as ruas Emílio Cornelsen e Campos Sales, e na Rua Dário Lopes dos Santos, entre a Avenida Comendador Franco e a Rua Schiller.
Em nota, a pasta explicou que por estar avaliando alguns fatores, como as indicações de uso, os impactos ambientais, a qualidade do produto e a relação custo/benefício, ainda não há uma determinação para que o asfalto morno seja adotado como padrão na cidade.
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