Às vésperas de encerrar a chamada do grupo das pessoas com comorbidades para vacinação contra a Covid-19, a prefeitura de Curitiba informa ter aplicado a primeira dose do imunizante em mais de 70 mil pessoas deste grupo. Isso não representa nem metade do número de pessoas com comorbidades que foi estimado pela prefeitura em seu plano municipal de vacinação. Pelo documento, a prefeitura estimava que cerca de 300 mil pessoas teriam uma das 22 condições físicas consideradas pelo Ministério da Saúde como critério para receber a vacina de forma prioritária, dentro do grupo das comorbidades.
De acordo com a prefeitura, o número foi estimado da seguinte forma: no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a prefeitura encontrou 154 mil códigos de doenças (as siglas definidas pela Classificação Internacional de Doenças) que se enquadravam nos critérios. Todos os códigos estão ligados a pacientes da rede pública. A prefeitura admite que a estimativa pode trazer alguma duplicidade, já que um único paciente pode ter duas ou mais comorbidades, mas sustenta que isso não representaria uma fatia grande dos casos. Ou seja, na visão da prefeitura, uma eventual distorção não seria significativa.
Além disso, se projetou praticamente a mesma quantidade de pacientes com comorbidade atendidos pela rede privada (cerca de 150 mil), daí o número total de cerca de 300 mil pessoas. De acordo com a prefeitura, a mesma projeção foi feita porque quase metade da população de Curitiba possui plano de saúde, pelos dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Para organizar a vacinação, a prefeitura adotou procedimentos diferentes dependendo do tipo de paciente, se atendido pela rede pública ou privada. O paciente do SUS, cujo cadastro e histórico já estão nas mãos da prefeitura, está sendo chamado para a vacinação através da plataforma Saúde Já, da prefeitura. O paciente da rede privada tem outro caminho: ele precisa obter uma declaração médica emitida através de uma plataforma criada pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). É a forma que ele tem de comprovar que possui uma comorbidade e que pertence ao grupo prioritário.
Segundo o CRM, até a última sexta-feira (28), a plataforma emitiu 52.544 declarações de comorbidades para pacientes de Curitiba. Isso representa cerca de um terço da estimativa feita para o público da rede privada (cerca de 150 mil).
E a chamada do grupo das pessoas com comorbidade já está chegando ao fim. Nesta segunda-feira (31), as pessoas deste grupo com 25 anos de idade ou mais já podiam se vacinar. Nesta terça-feira (01), chega a vez das pessoas deste grupo com mais de 18 anos, última idade. Mesmo após o fim da chamada, todas as pessoas que têm comorbidades ainda podem se vacinar. A Gazeta do Povo pediu uma avaliação da prefeitura sobre o número de vacinados do grupo das comorbidades e aguarda um retorno.