Se você nunca foi ao Litoral do Paraná durante os meses de inverno, provavelmente não conheceu alguns “turistas” que preferem passar por lá justamente nessa época: pinguins, focas, lobos-marinhos (foto), leões-marinhos, elefantes-marinhos, baleias e aves como o albatroz e o petrel chegam à região fugindo do inverno de seus locais de origem.
“A partir do mês de maio, quando começam a chegar as frente frias, até mais ou menos setembro ou outubro, esses animais chegam por aqui”, conta a bióloga e coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação do Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR, Camila Domit.
Até o momento, nenhum visitante foi visto em águas ou praias paranaenses. Mas a vinda é dada como certa - e eles não vêm sozinhos. “Os pinípedes [superfamília de mamíferos marinhos] recebemos em torno de dez por ano. Pinguins, já teve ano com mais de 400 e ano em que tivemos dez, 15. As baleias nós vemos todos os anos e algumas continuam a migração para Norte e outras, como as baleias francas, voltam para o Litoral de Santa Catarina”, diz a bióloga.
Eventualmente, aparecem também algumas espécies diferentes, como a foca-leopardo, assim chamadas devido às manchas pretas presentes sobre a pele branca de sua garganta, e a foca-caranguejeira.
Originalmente de locais como o Uruguai, Argentina e as regiões Antártica e Subantártica, os animais chegam ao Litoral do Paraná em busca de águas mais quentes, nas quais possam se abrigar durante o inverno ou se reproduzir e encontrar alimentos. De acordo com Camila, é difícil prever quantos virão a cada ano, pois isso depende da quantidade de filhotes nascidos e das correntes de cada ano. Ainda assim, os registros mostram que, em anos de La Niña, os bichos chegam ao nosso Litoral em maior quantidade. Como este é um ano de La Ninã, a expectativa dos biólogos para a chegada dos visitantes está alta.
Cuidados
Por serem animais exóticos à nossa fauna, o avistamento deles no mar ou nas praias acaba gerando curiosidade. Aproximar-se deles, porém, pode representar um risco tanto para a pessoa quanto para o animal. “Esses animais não têm contato com vários tipos de doenças que nós temos. A aproximação pode botá-los em contato com patógenos que nós temos contato e eles acabam levando isso para as áreas de onde vêm. E o inverso também é válido: eles vão tentar se proteger e, no caso de uma mordida, a pessoa pode ser contaminada por um vírus ou bactéria que nós não estamos acostumados”, explica Camila.
60 dias
Foi o tempo que aves conhecidas como bobo-pequeno demoraram para chegar ao Litoral do Paraná depois de saírem da Inglaterra em 2016. O tempo de viagem foi descoberto, segundo a coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação do Centro de Estudos do Mar, Camila Domit, devido às anilhas (aneis identificadores) encontrados nos bichos.
Assim como as aves britânicas, todos os animais que passam por tratamento no CEM são identificados. “Nos pinguins, vamos usar um chip interno esse ano. É um técnica que todo o Sul do Brasil vai usar. Nos lobos e leões-marinhos, fazemos uma marcação temporária, descolorindo os pelos deles para formar um número”, conta Camila.
A bióloga esclarece ainda que os animais encontrados na praia (não no mar) podem estar debilitados. “Excluindo os lobos e leões-marinhos, que descansam na areia, todos os outros que se baterem na praia é porque eles não estão bem: podem estar debilitados pela própria migração ou porque não conseguiram achar alimentos suficientes no mar”, diz. Isso significa que os bichos devem ser avaliados por especialistas o quanto antes, para que seja verificada a necessidade de um tratamento. Nesses casos, qualquer aproximação ou tentativa de devolver o animal marinho na água pode colocar em risco a vida dele.
O ideal é que as pessoas, ao avistarem um animal desses na praia, isolem a área para evitar tanto que outras pessoas quanto que animais domésticos cheguem perto do visitante, e entrem em contato com o Centro de Estudos do Mar pelo telefone 0800 642 3341. Se não for possível contatar o CEM, a pessoa deve recorrer à Polícia Ambiental ou aos bombeiros. Assim que o contato for feito, uma equipe será enviada para fazer a avaliação do animal e, se necessário, providenciar o tratamento (que pode ser feito no CEM ou no mar, dependendo da origem do animal).
Camila deixa ainda um último alerta: “Uma preocupação que a gente tem é com os pinguins. As pessoas levam ele para casa e acham que têm que colocar ele na geladeira ou numa caixa de gelo. De forma alguma animais que chegam na praia podem ficar no frio. Eles precisam ser estabilizados numa área mais quentinha para que ele possa se recuperar”, afirma.
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