Tudo começou em 1940, como um pequeno núcleo de pesquisadores voltado a estudos sobre solo, controle de pragas vegetais e doenças animais. Com o passar dos anos o grupo foi crescendo, as atividades se ampliando e os resultados se multiplicando. Quase 80 anos depois, já são cerca de 67 mil contribuições para o desenvolvimento tecnológico e científico em diversas áreas. Tanto no poder público quanto no setor privado, as contribuições do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) podem ser vistas hoje em praticamente todos os segmentos.
Apesar desse imenso legado, ainda há muita gente que não sabe o que faz o Tecpar, ou sequer ouviu falar dele. Ou então, que acredita que inovação significa cientistas fechados em um laboratório criando engenhocas que não terão serventia no nosso dia a dia. Pois chegou a hora de desmistificar essa ideia e buscar uma aproximação dos paranaenses, especialmente os mais jovens, com a tecnologia que é produzida no estado. As descobertas podem ser surpreendentes.
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Foi com esse objetivo que o Tecpar lançou oficialmente no último dia 13 o projeto Espaço Memória. Em linhas gerais, a iniciativa consiste em criar uma espécie de museu da inovação no Paraná, apresentando ao público geral a história, as pesquisas e produtos desenvolvidos pelo instituto ao longo de sua trajetória. O primeiro passo foi dado com a abertura de uma exposição, no próprio Tecpar, contando um pouco do histórico da empresa pública. A conclusão está prevista para 2022, com a catalogação de todo o acervo e abertura de um espaço fixo para exposição desse material.
“Estamos preocupados não em resgatar o passado, mas fazer com que ele sirva de inspiração para outras pessoas, principalmente crianças e adolescentes. Um trabalho educacional e social forte é a forma de darmos uma resposta à sociedade sobre os investimentos feitos na ciência e na tecnologia”, explica o diretor-presidente do Tecpar, Júlio Felix. O projeto está orçado em R$ 3 milhões, com recursos que deverão ser viabilizados por meio da Lei Rouanet e parcerias. O prazo para conclusão é de 30 meses.
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Avanços científicos
Em 78 anos de atividades, o Tecpar acumula contribuições bastante significativas não apenas para a ciência paranaense, mas para o Brasil e o exterior. Algumas das mais importantes estão no campo das vacinas. A antirrábica, por exemplo, foi sendo desenvolvida e aprimorada dentro do instituto. O mesmo acontece com a vacina contra a peste suína, doença que em décadas passadas trouxe prejuízos enormes aos pecuaristas brasileiros. “Esse trabalho de sanidade colaborou para que hoje o Paraná seja um dos maiores produtores de suínos do mundo”, destaca Júlio.
Outra contribuição importante dos pesquisadores do Tecpar foi na exploração do xisto pirobetuminoso de São Mateus do Sul. “Graças a um trabalho que começou na década de 40, o minério passou a ser transformado em óleo e gás”, lembra o diretor-presidente. O instituto também se destaca na pesquisa de biocombustível, iniciada em 1984 e aprimorada em 2002, quando passou a operacionalizar o Centro Brasileiro de Referência em Biocombustível, liderando a pesquisa sobre produção, uso e viabilidade do produto.
Completam a relação de atividades desenvolvidas pelo Tecpar a produção de quimioterápicos para uso animal e da cultura do mate solúvel; o combate à broca do café; o estudo do carvão mineral paranaense; levantamento e elaboração do mapa geológico e fitogeográfico do Paraná; fiscalização e combate à falsificação da gasolina no estado; estudos analíticos de calcários e outros minérios, que deram origem à criação da Mineropar; a fiscalização de pesos e medidas, que originou o Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem/PR); e a certificação de produtos orgânicos, entre outros trabalhos.
Júlio Felix ressalta que uma das preocupações do instituto é fazer com que as pesquisas tenham resultado efetivo para a sociedade. “Não é apenas ciência pela ciência. Existe o produto que a sociedade compra e que vai fazer a diferença na nossa vida”, frisa. No campo da saúde, todo o trabalho do instituto é voltado para organismos públicos. Já nas outras áreas, como agronegócio, meio ambiente e tecnologia de materiais, parcerias são feitas também com empresas privadas. Sem contar a Incubadora Tecnológica, primeira do Paraná que, desde sua fundação, em 1989, já incubou mais de 100 negócios.
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Preservação permanente
Coordenador do projeto Espaço Memória, Gudrian Lima explica que até maio deverá ser formalizado junto ao Ministério da Cultura o projeto para captação de recursos por meio da Lei Rouanet. Um acordo de cooperação técnica e científica foi assinado com o Museu Paranaense, a fim de catalogar os mais de 67 mil itens que farão parte do acervo. “Essa é a parte mais trabalhosa, fazer o levantamento com todas as informações sobre cada peça. Muitos técnicos estão colaborando e, nisso, estamos descobrindo coisas que eram desconhecidas até para nós, do Tecpar”, conta.
Pelo cronograma, em 2021 será concluída toda a parte expográfica, com a catalogação do acervo e organização do local que vai abrigar o Espaço Memória, instalado dentro do Tecpar. Em 2022 ele deverá abrir as portas ao público, com exposições periódicas, contemplando o amplo acervo e revezando as dez áreas temáticas estabelecidas. “É um trabalho de preservação que será permanente”, diz Júlio Felix, acrescentando que serão realizadas também mostras itinerantes, levando o acervo do Tecpar a outros locais.
O projeto do Espaço Memória prevê ainda a digitalização do acervo bibliográfico do instituto, com todos os estudos e pesquisas realizados ao longo dos seus 78 anos. “Isso é muito importante também para os nossos pesquisadores, uma forma de deixar o legado deles bem claro. Afinal, não podemos deixar de reconhecer o esforço de todos os profissionais que passaram por aqui”, conclui o diretor-presidente.
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São 78 anos de pesquisas
A história do Tecpar começou em 1940, quando foi inaugurado em Curitiba o Laboratório de Análises e Pesquisas, dedicado aos estudos do solo e ao controle de pragas vegetais e doenças animais, sob o comando do cientista Marcus Augusto Enrietti. Em 1941, o laboratório teve suas atividades ampliadas e passou a prestar serviços especializados com o nome de Instituto de Biologia Agrícola e Animal (IBAA), funcionando em sede própria no bairro Juvevê. Com o apoio do interventor Manoel Ribas e a chegada de cientistas e pesquisadores de renome, o IBAA foi transformado em 1942 em Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT). Em 1978, o instituto passou por mais uma modificação, talvez a mais importante, quando foi transformado em empresa pública, ganhando autonomia e ampliando, mais uma vez, suas áreas de atuação. Ali também foi instituído o nome Tecpar. Em 1991, o instituto firmou um acordo com a Agência de Cooperação Internacional do Japão, que viabilizou a construção da sede atual, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Além dessa sede, o Tecpar possui atualmente mais quatro unidades: no bairro Juvevê, em Araucária, na Região Metropolitana, em Jacarezinho e Maringá, ambos municípios do Norte do estado.
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