Phelipe Lourenço tinha 24 anos e era estudante de Engenharia Mecânica| Foto: Reprodução / Facebook / Phelipe Lourenço
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A morte do estudante Phelipe Lourenço, ocorrida após o fim de uma festa na Pedreira Paulo Leminski, no último final de semana, em Curitiba, não é resultado de um homicídio. A hipótese de assassinato foi descartada pela delegada Tathiana Guzella, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. De acordo com ela, a investigação está apontando para uma morte acidental, provocada pela queda do jovem a partir de um plano elevado. O laudo pericial aponta afogamento como causa da morte. A família do estudante contesta a versão, e pede que sejam realizadas novas diligências.

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Em entrevista à Gazeta do Povo, a delegada confirmou que duas testemunhas estiveram nesta quinta-feira (18) na DHPP prestando depoimento e que até agora não houve nenhuma contradição entre todas as versões. Segundo Tathiana, profissionais que prestavam atendimento psicológico a outro frequentador da festa, próximo à uma tirolesa instalada na pedreira, viram uma pessoa andando em direção ao mirante.

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“Uma dessas testemunhas viu uma luz, que poderia ser uma lanterna de celular. Era um espaço que estava fechado, havia um portão. Houve uma queima de fogos no local ao fim do evento, e essa testemunha viu essa luz como se a pessoa que a estivesse segurando estivesse iluminando o caminho por onde passava. Estava tudo muito escuro e em silêncio. Isso por volta da meia-noite. Essa testemunha viu a luz, mas não ouviu nenhum barulho. As imagens das câmeras de segurança mostram ele subindo por volta da meia-noite e um, o horário é compatível com o depoimento”, disse.

Objeto foi encontrado no local onde Phelipe pode ter passado

Na sequência, aponta a delegada, um dos seguranças do local viu uma pessoa subindo em direção ao mirante, por um local de acesso restrito, e acionou outras pessoas para que fosse feita uma busca no local. Passados 13 minutos, o mesmo segurança desceu e abriu um portão que dá acesso ao lago da Ópera de Arame, encontrando o corpo de Phelipe.

“Eles não sabiam que se tratava do Phelipe. Era uma pessoa que foi vista andando em um local de acesso restrito. Foi um procedimento correto, tomado de forma prudente. Uma das suposições é que ele tenha se esquivado dos seguranças para não ser encontrado e, assim, feito um outro caminho que o levou à queda. Não acho que ele tenha tentado o suicídio, eu acho que ele caiu”, apontou a delegada.

Segundo Tathiana, os peritos encontraram um cigarro eletrônico em meio às árvores no caminho que pode ter sido percorrido pelo estudante antes da queda. O aparelho será submetido à perícia para tentar identificar se era ou não de Phelipe. “Pode ser que não seja dele, e isso a perícia vai explicar. Mas é prova de que alguém passou por ali. Se não ele, outra pessoa já passou por ali, e o fato desse objeto ter sido encontrado ali indica que esse seria um caminho possível de ser feito por uma pessoa. E dali a queda seria muito menor. Estamos trabalhando com as hipóteses, e descartando o que ainda não foi provado. A possibilidade de um homicídio, ou de uma briga, ou de ele ter sido empurrado, ou de ele ter pedido socorro, isso está tudo descartado”, avaliou.

Celular do estudante ainda não foi periciado

O laudo da necropsia aponta morte por afogamento, e cita algumas lesões que, segundo a delegada, não teriam relação com a morte do estudante. Há ainda alguns laudos periciais a serem concluídos, entre eles o exame de local de morte e o exame toxicológico de Phelipe. De acordo com Tathiana, uma peça-chave para as investigações, o celular do estudante, ainda não foi entregue pela família para que seja periciado.

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“O celular dele não passou por perícia ainda. Na segunda-feira (15) o WhatsApp dele estava aparecendo como online. Ali pode ter coisas importantes, mas a família não entregou esse aparelho ainda para a perícia. Ele pode ter marcado com alguém para ter voltado ali, não sabemos. Isso pode estar no celular, mas até que a perícia seja feita não vamos saber”, apontou a delegada.

Para a família, morte de Phelipe não foi acidente

Para a família, a morte de Phelipe não foi um acidente. O advogado Elias Bueno, que está acompanhando o caso, aponta que ainda há pessoas que precisam ser ouvidas e diligências a serem feitas antes de se declarar a investigação como concluída.

“Ainda está carente de algumas imagens de câmeras de segurança, que nós verificamos lá no local junto com a delegada. Foi requerido o acesso a essas imagens que mostrariam a parte da Ópera de Arame. São duas ou três câmeras ali que não tiveram as imagens periciadas. Talvez elas mostrem alguma coisa. Aguardamos a diligência dessas câmeras para que a gente possa dar um norte. A família não está convencida desse posicionamento da delegada, eles ainda acham que há muitas diligências a serem feitas e pessoas a serem ouvidas”, disse o delegado.

Uma dessas pessoas seria um homem que ajuda Phelipe a pular a grade que dava acesso ao local restrito por onde ele teria subido. Segundo o advogado, essa pessoa precisa ser identificada pelos policiais. “É importante saber o que o Phelipe falou para ele, ao pedir ajuda para fazer a transposição da cerca. Ele deve ter falado alguma coisa, sobre onde iria e o que iria fazer”, comentou.

Advogado quer que testemunhas sejam ouvidas novamente

O advogado também disse que as lesões no joelho apontadas no laudo de necropsia precisam ser confrontadas com outros documentos para tentar identificar se houve a queda e de qual ponto houve a queda. “Queremos ouvir novamente testemunhas que já foram ouvidas para ver se com esses depoimentos conseguiremos acrescentar informações novas”, comentou.

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Sobre o celular de Phelipe, o advogado disse que a equipe de defesa já conversou com a família para que o aparelho seja apresentado à DHPP para perícia. “Eles não nos apresentam um motivo para não apresentarem esse celular. Dizem que vão levar, mas ainda não o fizeram”, revelou.

"Não há nada de importante lá", diz irmã de Phelipe sobre o celular do estudante

A reportagem falou com Dafne Guerra, irmã de Phelipe, que confirmou que o celular do estudante segue em posse da família. Questionada sobre os motivos pelos quais o aparelho ainda não foi entregue para a perícia, Dafne disse que o celular estava molhado, e foi entregue à mãe do jovem por causa dos arquivos. “Não há nada de importante lá”, disse, em troca de mensagens. “Vamos ver com a minha mãe, se ela aceitar ela entrega”, continuou.

Dafne disse que a família não teve acesso ao laudo da necropsia, e que eles não concordam com a hipótese de morte acidental. “Olha, ele não caiu. Não tem ossos quebrados e nem escoriações. Lá em cima não tem trilha. As imagens estão cortadas. Não tem imagens de ninguém voltando desse lugar. Precisamos ver as imagens de como ele voltou desse lugar, se não foi caindo lá de cima. Estamos indignados, as câmeras não pegaram nada”, afirmou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]