A chegada das pancadas de chuva do verão traz à tona um antigo problema nas ruas de Curitiba: a queda de árvores, o que afeta diretamente o trânsito e o fornecimento de energia elétrica, além de comprometer a estrutura de imóveis e pôr em risco pedestres e motoristas. Entre o começo de 2017 e o início de 2018, Curitiba registrou muitos casos como esses que, segundo alguns moradores, poderiam ser evitados se a prefeitura atendesse os pedidos de podas feitos pelo servio telefonico 156. A prefeitura, por sua vez, alega que as solicitações são atendidas conforme a gravidade de cada situação.
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De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), em 2017 foram cerca de 900 quedas de árvore em Curitiba. A maior parte por causa de chuvas prolongadas e ventos fortes. Somente nos últimos três meses, entre outubro e dezembro , foram protocolados 196 pedidos de poda e de cortes de galhos em vias públicas na central de atendimento 156. Mas nem todos foram atendidos.
A comerciante Tânia Martins, de 55 anos, dona de um ateliê de costura na Rua Cel. Dulcídio, quase esquina com a Rua Brasilio Itiberê, no bairro Água Verde, afirma que as seis solicitações feitas por ela em 2017 ainda estão pendentes. Tânia explica algumas das árvores que parecem estar comprometidas chegam a assustar os clientes que estacionam os carros na via. “Até hoje não tivemos respostas. Veio um rapaz algum tempo atrás para ver, disse que não podia cortar e ninguém mais apareceu. Depois da primeira reclamação que fizemos, já caíram três árvores aqui na rua. E poda mesmo eles não vêm fazer”, reclama a comerciante.
No dia 27 de dezembro, moradores do condomínio Colina Dalançon, no Bigorrilho, levaram um susto duplo: junto com a queda dos galhos de uma árvore causada pela chuva veio uma colmeia de abelhas. O enxame chegou a causar correria entre os moradores assustados, mas, felizmente, os insetos eram de uma espécie sem ferrão. O caso foi na Rua Padre Agostinho, uma das mais importantes da cidade e onde o relato de quedas de galhos é frequente.
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O síndico do condomínio, Jackson Guelmann, afirma que a queda não foi surpresa. Desde fevereiro ele vinha oficializando pedidos de poda pelo 156. Foram oito ao longo de 2017, nenhum atendido. No mesmo período, Guelmann foi pessoalmente quatro vezes à sede da SMMA para tentar evitar a queda dos galhos. Nas duas primeiras visitas, ouviu que o pedido seria avaliado, já que uma das árvores estava comprometida por cupins. No caso das visitas à secretaria, também não obteve resposta e o resultado foi a queda dos galhos, o que levou o Corpo de Bombeiros a ser acionado para a retirada da colmeia. Entretanto, até a manhã desta sexta-feira (4), quase uma semana após a queda, os galhos ainda não haviam sido recolhidos pela prefeitura.
“Agora tem outro galho completamente tombado, comprometido por cupim. Se cair um galho desse é um perigo. Ele é muito grande, pode danificar nossa entrada e, principalmente, pode machucar e até matar alguém”, alerta o síndico, que pretende fazer nova visita à SMMA nesta semana solicitando uma solução.
Calhas entupidas
Já moradores de um condomínio na Rua Guilherme Pugsley – a rápida que liga o bairro Portão ao Centro – ainda não sabem quando devem acionar a prefeitura para auxiliá-los na poda de uma árvore que entope constantemente as calhas do prédio. Ela está plantada muito próxima do local onde outra árvore cedeu no dia 30 de dezembro, travando completamente o trânsito na rápida. Um dia depois, outra árvore caiu sobre um carro que passava na Rua Mateus Leme, no bairro São Lourenço.
Maria de Lourdes do Nascimento, de 59 anos, subsíndica do condomínio no Portão, afirma que a queda assustou ainda mais os moradores. Eles brigaram por mais de três anos para que a poda dos galhos na entrada do edifício fosse feita, mas só conseguiram depois do assessor de um deputado interveio. Os galhos foram cortados há dois anos e agora já cresceram o suficiente para entupir as calhas novamente.
“Quando chove, já entopem porque diminui a vazão. Então toda hora o zelador tem que ficar limpando. Sem contar que pode ser um perigo. A prefeitura não permite que corte, mas se acontecer alguma coisa não vai se responsabilizar pelos prejuízos”, argumenta a Maria de Lourdes.
Depende da urgência
De acordo com a prefeitura, todos os pedidos de podas e cortes de árvore via 156são atendidos conforme a gravidade da situação. “Casos emergenciais são atendidos de 24h a 48h após a solicitação. Demais pedidos podem ser atendidos em até 90 dias”, informou, em nota, a SMMA.
Conforme a secretaria, todos os pedidos são analisados pelas equipes técnicas e as podas acontecem caso seja comprovada a necessidade e seguem normas específicas para garantir a segurança. Além disso, a nota explica que grandes avenidas - onde se concentram, em geral, as árvores mais antigas e de maior porte - recebem serviços maiores e vistorias periódicas. Outros locais recebem serviços conforme monitoramento e necessidade, incluindo os casos os pedidos da população.
A SMMA destacou ainda que durante todo o ano de 2017 as equipes de arborização da prefeitura receberam cerca de 8 mil solicitações de poda de árvore que foram executados e serviços de poda em 17 mil árvores – entre podas de manutenção, rebaixamento ou ainda atendimentos emergenciais onde havia risco de queda ou galhos projetados para a via.
Entre (3) e quinta-feira (4), a SMMA concluiu a poda de árvores na Rua Inácio Lustosa, no bairro São Francisco.